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Capital

Relatórios apontam risco de infecção em hospitais de Campo Grande

Nadyenka Castro | 12/03/2012 19:23

Dados são referentes aos últimos três anos. Ministério Público Estadual deu prazo para regularização

A promotora de justiça Sara Francisco explica a situação do controle de infecção hospitalar na Capital. (Foto: Marlon Ganassin)
A promotora de justiça Sara Francisco explica a situação do controle de infecção hospitalar na Capital. (Foto: Marlon Ganassin)

Relatórios feitos pela Vigilância Sanitária Municipal e entregues ao MPE (Ministério Público Estadual) indicam que há risco de infecção hospitalar em 11 hospitais - públicos e particulares - de Campo Grande.

A promotora de justiça Sara Francisco Silva, da Promotoria de Justiça de Saúde Pública, foi quem solicitou as informações, em outubro de 2011. “Foi uma medida preventiva. Decidimos verificar como estava a situação antes de acontecer alguma coisa polêmica”, justifica.

A Vigilância encaminhou relatórios das inspeções feitas em hospitais desde 2009 e a conclusão da promotoria é de que é preciso melhorias para que a situação não chegue ao nível mais crítico. “A solução é que os hospitais estruturem corretamente as CCHI’s Comissões de Controle e Infecção Hospitalar”, fala Sara Francisco.

De acordo com a promotora em cada unidade de saúde foram verificadas situações distintas. E entre as irregularidades encontradas nos hospitais estão: falta de controle de uso de antibióticos, problemas com limpeza, armazenamento irregular de medicamentos, luvas a serem usadas armazenadas em recipientes abertos e falta de mapeamento quando detectada alguma bactéria.

Sara explica que as irregularidades algumas vezes são decorrentes da falta de funcionamento adequado das CCHI’s. “Cada hospital tem que ter a sua comissão, que é formada por médicos, enfermeiros e outros profissionais que geralmente têm outras funções e não conseguem fazer o trabalho na comissão, que é de treinamento, visitar ambientes e mapeamento de incidência de infecção”.

O mapeamento de bactéria funciona mais ou menos assim: cabe ao profissional da comissão anotar a data, o setor e qual o tipo que foi detectada. “Se a curva sobe tem que entrar com medidas. Como não tem mapeamento, só vai saber o que está acontecendo quando cinco [pessoas] forem infectadas”, exemplifica a promotora.

O controle do uso de antibióticos é fundamental para evitar que, em caso de infecção, o medicamento utilizado no combate seja eficaz.

A promotora cita também como situação irregular o sistema de limpeza dos hospitais. “Tem hospital que passa normas para economizar luvas, produtos de limpeza”, fala. Há problemas ainda com uso de produtos inadequados e a forma de fazer o serviço.

“As empresas terceirizadas não têm treinamento para desinfetar hospitais”, declara Sara. Além disso, o mesmo trabalhador que limpa mais de um setor.

Apesar das irregularidades, a promotora afirma que as unidades de saúde têm melhorado e que na maioria dos hospitais os problemas não são em todos os setores. “Todos têm melhorado”.

E agora?- Diante das constatações, a promotoria abriu Inquérito Civil e determinou que os hospitais regularizem a situação o mais rápido possível. A determinação foi publicada em Diário Oficial no dia 6 de março e as unidades têm 10 dias úteis para prestar informações, a contar da data da notificação de cada uma.

Após repassar informações ao MPE, os hospitais terão novo prazo para se adequarem. “Muitos já podem ter se regularizado”, fala a promotora de Saúde Pública.

Caso não sejam verificadas melhorias, a Vigilância Sanitária é avisada, assim como o Ministério da Saúde, podendo até haver interdições.

Ainda não foram encaminhados à promotoria relatórios de inspeções nas Unidades de Pronto Atendimento, da rede municipal. A promotora irá pedir ainda dados referentes ao Hospital Evangélico e aos hospitais da Base Aérea e do Exército.

Foram considerados “insatisfatórios” o controle de infecção hospitalar nas seguintes unidades: Maternidade Cândido Mariano, Santa Casa de Campo Grande, Hospital Universitário, Clínica Campo Grande, Proncor, Hospital Infantil São Lucas, Hospital da Criança, Hospital da Mulher, Miguel Couto, El Kadri e Adventista do Pênfigo.

Problema- Conforme a promotora, outra situação encontrada é de pacientes de hospitais particulares que contraem alguma infecção durante o tratamento e vão para a rede pública por não ter mais dinheiro para pagar a internação. “A ida desse paciente para a rede pública acaba interditando um setor com 10,12 leitos”, declara Sara.

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