Réus admitem agressões contra vizinho esquizofrênico e negam intenção de matar
Irmãos acusados pela morte de Anderson Velasquez são julgados e resultado sai ainda hoje

Durante o julgamento desta terça-feira (9), os irmãos Adílio de Albuquerque Rodrigues e Maike Wililian de Albuquerque Rodrigues admitiram as agressões que resultaram na morte do vizinho Anderson Velasquez Ferreira, de 38 anos, diagnosticado com esquizofrenia. Eles, porém, negaram ter tido a intenção de matar. O crime ocorreu em fevereiro de 2024, no bairro Moreninha II, em Campo Grande.
RESUMO
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Depoimento de Maike - Maike Wililian contou que morava na casa vizinha com a esposa e a filha desde novembro de 2023 e que, no período de férias, passou a presenciar mais situações de conflito. Segundo ele, Anderson, quando embriagado, batia com pedaços de pau na casa e chegou a ameaçar.
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O réu disse que, no dia do crime, viu o irmão Adílio ser atingido por uma paulada e que tentou apartar a briga. “Meu chute acertou o rim; foi para que ele não desse mais pauladas”, declarou. Ele reforçou que não usou capacete nem pedaço de madeira.
“Se eu não chegasse para dar uma bicuda nele ou qualquer coisa, meu irmão poderia ter morrido naquela noite”, afirmou. Maike também disse que já planejava se mudar do bairro e que não registrava boletins de ocorrência por medo de represálias da família de Anderson.
Durante o depoimento, ele acrescentou que o vizinho só procurava confusão quando estava alcoolizado. “O problema dele era bebida e droga. Eu já encontrei o Anderson sem estar bebendo. Ele não queria agredir a gente. Toda vez que ele estava bêbado, ele queria caçar confusão e não só com a gente”, relatou.
Depoimento de Adílio — Adílio de Albuquerque admitiu que atingiu Anderson com capacetadas e pauladas, mas disse que agiu tomado pela ira depois de ser golpeado na cabeça. “Agi no calor da emoção. Quem que leva uma paulada na cabeça e não é levado?”, afirmou.
Ele contou que primeiro chutou o portão e jogou uma latinha antes da confusão, mas que depois foi surpreendido pela pancada na cabeça, que o deixou ensanguentado. Segundo Adílio, não se lembra de quantas vezes bateu, mas confirmou que continuou depois que Anderson caiu.
O réu também declarou que havia apenas uma madeira no local, que estava inicialmente na mão da vítima e depois passou para a dele. Disse que até hoje sente dores na cabeça por conta da agressão sofrida naquela noite e que chegou a buscar atendimento em Dourados, onde fez exame de corpo de delito um mês depois do crime.
O que diz a acusação - Testemunhas oculares afirmaram ter visto os dois irmãos agredindo Anderson com socos, chutes e pauladas. Para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o homicídio foi cometido por motivo fútil e de forma cruel, já que a vítima, além de sofrer de esquizofrenia, foi espancada mesmo sem condições de defesa.
O crime aconteceu por volta das 19h50 de 11 de fevereiro de 2024, na Rua Acariuba, no bairro Moreninha II. De acordo com a denúncia, os irmãos foram até a residência da vítima para “tirar satisfação” e entraram em luta corporal com Anderson, que foi agredido violentamente com chutes, socos, capacetadas e pauladas.
Socorrido em estado gravíssimo, ele foi levado à Santa Casa de Campo Grande com traumatismo craniano e hemorragia. Anderson passou por cirurgia, mas morreu seis dias depois, em 16 de fevereiro.
Família pede justiça - O irmão da vítima, Zímer Velasquez Ferreira, acompanhou a sessão e disse que a expectativa é de uma pena alta para os acusados. “Perdemos o irmão caçula de oito irmãos. Sempre cuidamos dele e sempre o amaremos. Estamos na expectativa de pelo menos 15 anos. Estamos lutando aqui e confiando na Justiça. Ele era um menino bom, querido demais no bairro. Nos sentimos revoltados. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, mesmo que a pessoa esteja errada. Ele tinha um transtorno mental”, declarou.
Julgamento - O júri popular continua no período da tarde com os debates entre acusação e defesa. O resultado do julgamento deve ser conhecido ainda hoje.
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