“Só me resta Deus para preencher o vazio”, diz mãe de menino morto em acidente
Menino voltava da igreja com Mariany quando foi arremessado do carro atingido por motorista embriagado
“Depois que perdi meu marido, meu filho era tudo para mim. Eu dava minha vida por ele. Eu fui pai, fui mãe, fui família. Agora eu me vejo mais uma vez sem chão. Perder o marido já não é fácil, mas perder o filho é a pior dor do mundo”, desabafou Mariany Nunes Jaime durante o velório do filho, que morreu em um acidente de carro quando voltavam de um evento religioso, atingidos por um motorista embriagado que avançou a sinalização em um cruzamento na região do Jardim Tijuca.
RESUMO
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Aos 22 anos, Mariany carrega marcas que a maioria das pessoas não imagina enfrentar ao longo de toda uma vida. Em 2018, perdeu o marido, Israel Alves Bezerra Júnior, em um acidente de trânsito. No último sábado (23), foi a vez do filho, Miguel, de apenas sete anos, morrer também vítima da imprudência. Abalada pela dor, mas movida pela revolta pela injustiça, Mariany procurou o Campo Grande News para falar sobre o pior momento da vida dela, que diz se recordar em detalhes.
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“Eu fiquei consciente o tempo todo. Quando o carro parou, olhei para trás e meu filho não estava mais lá. Saí correndo e encontrei ele agonizando no chão. Não senti dor nenhuma da fratura da minha coluna, só queria ver meu filho. Eles tentaram de tudo por mais de uma hora, mas ele não resistiu.”
Na noite de sábado, a família voltava da igreja com Miguel, o namorado e a mãe do pastor, quando o carro em que estavam foi atingido por um motorista embriagado que avançou a sinalização no cruzamento da Avenida Conde de Boa Vista com a Rua Rio da Prata. O impacto foi registrado por câmeras de segurança.
Menino iluminado - Miguel era conhecido pela alegria e carinho. “Ele sempre falava que o nome dele era de anjo, guerreiro do céu. Era educado, amoroso, dava bênção para todos. Sempre me dizia: ‘Mamãe, você é linda, eu te amo muito’. Ele falava que queria ser policial, igual ao pai. Meu filho era iluminado, todo mundo amava muito ele.”
Com a lembrança do pai, o garoto já tinha consciência dos riscos no trânsito. “Ele dizia que nunca teria moto porque era perigoso. Dentro do carro, sempre prestava atenção, me corrigia no semáforo. Ele era prudente, apesar da pouca idade.”
Revolta e fé - O motorista que provocou a batida tentou fugir, mas foi contido por moradores até a chegada da polícia. O teste do bafômetro confirmou a embriaguez. “Acabou com os sonhos do meu filho, com a minha vida. Era uma criança inocente, alegre, e por irresponsabilidade de uma pessoa que estava bêbada eu estou aqui, sem chão. Eu espero que a justiça seja feita”, disse Mariany.
Mesmo muito emocionada, ela agora luta por justiça. “Eu já perdi o meu marido na mesma situação e até hoje a justiça não foi concluída pela vida dele. E agora o meu filho, tão inocente, tão alegre, também foi levado por causa da irresponsabilidade de uma pessoa que estava bêbada. Acabou com a vida do meu filho e acabou com a minha também.”
No momento do acidente, a jovem recusou atendimento médico para acompanhar o filho. Já no hospital, recebeu a notícia da morte. Mariany sofreu fratura na coluna e ainda não sabe como será o tratamento. “Eu sinto muita dor no corpo, mas não se compara com a dor que eu estou sentindo na alma. Me liberaram para vir ao velório me despedir do meu filho, mas depois volto para o hospital.”
Entre revolta e dor, Mariany diz que só a fé é capaz de mantê-la de pé. “Eu sei que tudo tem um propósito de Deus. Foi propósito eu perder meu esposo, foi propósito eu perder meu filho. Só me resta confiar em Deus para que me conforte e preencha o vazio que ficou na minha vida.”
O motorista Marcos Vinícius Francelino, 39 anos, que dirigia um Renault Logan, foi preso em flagrante após o teste do bafômetro apontar embriaguez. De acordo com testemunhas, ele tentou fugir do local do crime, mas foi contido por populares. A informação inicial é que ele deve responder por homicídio culposo qualificado e por três lesões corporais culposas, embora crimes de trânsito que envolvam condutor embrigado podem ser levados a júri popular por dolo eventual. Francelino segue preso e passará por audiência de custódia.
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