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Capital

Sobrinho do Rei da Fronteira alega estar a pé por causa de calote de devedor

Segundo defesa, dívida tem três anos e supostas vítimas não sofreram um arranhão

Aline dos Santos | 28/05/2021 08:33


Preso em flagrante por extorsão, o arquiteto Patrick Samuel Georges Issa, 43 anos, declarou durante audiência de custódia na Justiça, que precisou vender o carro por causa de calote dos denunciantes e que há cinco anos não tem contato com o tio Fahd Jamil, conhecido como Rei da Fronteira e preso na operação Omertà.

Logo na abertura da audiência, na manhã de ontem (dia 27), Patrick relatou ao juiz Francisco Vieira de Andrade Neto que  foi preso por armas sem registro e extorsão. “A extorsão eu não entendi até agora”.

A defesa questionou sobre sua relação com o ex-deputado estadual e ex-comandante da PM (Polícia Militar), coronel aposentado José Ivan de Almeida, 66 anos, que também foi preso em flagrante, durante cobrança na residência da vítima, no bairro Amambaí.

Segundo Patrick, José Ivan disse conhecer o pai de um dos devedores e que iria procurá-lo. “Eu tive que vender o meu carro desde janeiro. Ele [devedor] anda com uma caminhonete quitada. Poxa, vende o seu carro, me ajuda a pagar as contas”, disse.

Patrick Issa (à esquerda) durante audiência de custódia.
Patrick Issa (à esquerda) durante audiência de custódia.

Sobrinho de Fahd Jamil, preso por liderar organização criminosa na fronteira de Ponta Porã com Pedro Juan Caballero (Paraguai), o arquiteto pediu para explicar o parentesco.

“Não tenho contato com meu tio há cinco anos. O sobrenome é igual. Mas sou da construção civil”, declarou.

Sobre as vítimas, Patrick afirma já ter feito negócio anterior, inclusive venda de roupas no atacado, com viagens para comprar calça jeans. Ainda de acordo com ele, os denunciantes da extorsão, um engenheiro e um comerciante, que também são sócios em empresa do ramo de hidráulica, deram calote em lojas de Ponta Porã e tiveram contratos rompidos pela prefeitura da cidade fronteiriça.

Conforme consulta da reportagem, edição do Diário Oficial da prefeitura de Ponta Porã em outubro do ano passado trouxe a rescisão unilateral de sete contratos, com valor total de R$ 1,9 milhão. As obras eram para reforma de escolas, ginásio, ampliação do centro de atendimento ao cidadão e construção de creche.

A defesa pontuou que a dívida já tem três anos e que as supostas vítimas não sofreram um arranhão. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu a conversão da prisão em preventiva.

O magistrado liberou o preso, que deve manter 300 metros de distância dos denunciantes. A promotoria ainda pediu monitoramento eletrônico, que foi negado pelo magistrado.


Também flagrados por extorsão, José Ivan e o ex-policial civil Reginaldo Freitas Rodrigues foram soltos, com uso de tornozeleira eletrônica.

Os depoimentos das vítimas revelam ameaças de morte, reunião com o filho do Rei da Fronteira em Ponta Porã, ex-comandante da PM batendo no portão, fazendo às vezes de cobrador, e declarações como: “defunto também paga conta”.

Os sócios relatam que a dívida de R$ 80 mil saltou para R$ 281 mil, além de já terem pago R$ 150 mil.

A ação foi do  Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).

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