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Capital

“Defunto também paga conta”: vítimas relatam ameaças de grupo do coronel Ivan

Ex-comandante da PM e sobrinho do “Rei da Fronteira” passam por audiência de custódia

Aline dos Santos | 27/05/2021 09:30
Garras aprrendeu R$ 16 mil no apartamento de José Ivan. ex-comandante da PM. (Foto: Henrique Kawaminami)
Garras aprrendeu R$ 16 mil no apartamento de José Ivan. ex-comandante da PM. (Foto: Henrique Kawaminami)

Os depoimentos de sócios de empresa do ramo de hidráulica em Campo Grande revelam ameaças de morte, reunião com o filho do “Rei da Fronteira” em Ponta Porã, ex-comandante da PM (Polícia Militar) batendo no portão, fazendo às vezes de cobrador, e declarações como: “defunto também paga conta”.

Segundo engenheiro de 46 anos, o alerta partiu do arquiteto Patrick Samuel Georges Issa, 43 anos, que é sobrinho de Fahd Jamil, conhecido como “Rei da Fronteira” e preso na operação Omertà.

Ontem, após uma ação monitorada, foram presos Patrick Issa, José Ivan de Almeida (ex-comandante da Polícia Militar e ex-deputado estadual) e Reginaldo Freitas Rodrigues, ex-policial civil, pelos crimes de extorsão, extorsão qualificada (se é cometida por duas pessoas ou mais ou com emprego de arma de fogo) e posse irregular de arma.

A denúncia foi feita pela dupla de sócios e na manhã de ontem, com policiais do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) acompanhando à distância, Coronel Ivan e Reginaldo foram flagrados na porta do engenheiro, no bairro Amambaí.

Em caso de ameaça, ele deveria fazer um sinal para as equipes. Quando os “cobradores” ameaçaram levar a caminhonete que estava na garagem, a vítima fez o gesto combinado e os policiais entraram em ação.

Conforme o engenheiro, foi a segunda “visita” do ex-comandante da PM, que já tinha ido até sua residência na última sexta-feira (dia 21). A vítima decidiu procurar o Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros)   e levou imagens de câmeras de vigilância para comprovar a “visita”.

Ex-deputado (de jaqueta cinza) entra na sede do Garras na tarde de ontem. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ex-deputado (de jaqueta cinza) entra na sede do Garras na tarde de ontem. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na manhã de ontem, o Coronel Ivan chegou ao bairro Amambaí de Uno, enquanto Reginaldo chegou num Monza. Com o ex-comandante da PM foi apreendida nota promissória no valor de R$ 281.363, papel com numeração de processos, arma de fogo e R$ 16.600 em espécie. O dinheiro estava no banheiro do apartamento de José Ivan, alvo de busca, mediante autorização verbal do oficial aposentado. A ação foi acompanhada pela Corregedoria da PM.

No Monza de Reginaldo Freitas Rodrigues, 62 anos, a polícia encontrou cópias de matérias jornalísticas do Campo Grande News (Pistoleiro morto foi expulso da PM e tentou matar policial rodoviário federal) e do Correio do Estado.

A ação de cobrança era monitorada em tempo real, pelo viva- voz do celular, por Patrick Issa, o credor da dívida. Na sequência, ele foi preso em seu escritório, no Bairro Chácara Cachoeira. Lá, foi encontrado um revólver e ele informou ser CAC (Caçador, Atirador e Colecionador). Na sua residência, foram apreendidos mais um revólver e uma pistola.

No Garras, o Coronel Ivan preferiu ficar em silêncio, sem responder às perguntas. Já Reginaldo Rodrigues disse que foi chamado para ir com o ex-comandante da PM a uma reunião de negócios, o acompanhando por duas vezes à casa do engenheiro, local do flagrante. Ele relatou que a conversa era amistosa e se surpreendeu com a chegada da polícia.

A dívida – Motivo da denúncia de extorsão, a dívida de R$ 80 mil teria sido feita por um sócio da empresa e que também é comerciante. O dinheiro foi investido em comércio de roupas. Quando a empresa foi contratada pela prefeitura de Ponta Porã para execução de obras, os dois sócios participaram de reunião com Flávio Correa Jamil Georges, filho de Fahd e primo de Patrick.

O combinado foi procurar o arquiteto para pagamento. O valor já era de R$ 281 mil. Uma das vítimas fez transferências de R$ 150 mil na conta de duas pessoas, a pedido de Patrick Issa.

Cansado de pagar divida sem fim e das ameaças, eles procuraram a polícia. Já Patrick Issa afirma que agiu em desespero na tentativa de receber o valor. E que além dos R$ 80 mil, tinha emprestado mais R$ 45 mil. Ele conta que comentou com o amigo José Ivan, que se prontificou a ajudá-lo no recebimento.

De acordo com o engenheiro, o ex-comandante da PM chegou a participar de reunião para discutir o débito, mas fingiu ser advogado. Os três presos vão passa por audiência de custódia hoje.

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