ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEGUNDA  05    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Suposto laranja morto ‘reaparece’ e diz que vai prestar depoimento à PF

Relatório da PF apontou homem como morto e representante legal de empresa em paraíso fiscal

Luana Rodrigues e Aline dos Santos | 28/04/2017 16:42

Apontado como um dos principais ‘laranjas’ de organização criminosa investigada por lavar US$ 5 bilhões e tido como morto por veículos de comunicação de alcance internacional, homem de 29 anos, ‘apareceu’ vivo nesta sexta-feira (28), negando as acusações pelas quais é investigado na Polícia Federal.

Uma pessoa, que diz ser o campo-grandense, procurou o Campo Grande News depois de reportagem publicada nesta quinta-feira (27), feita com base em reportagens do jornal Estadão e revista Veja, e contou sua versão da história.

Por telefone, a pessoa, disse que teve documentos roubados em um assalto em Cuiabá, capital do Mato Grosso, em 2012. Contou ainda que o ladrão foi preso em Poconé, interior do MT, mesmo assim, ele teve o CPF cancelado e precisou solicitar um novo documento.

Apesar da confusão sobre seu suposto falecimento, o mesmo confirmou que está sendo investigado pela Polícia Federal. Inclusive, diz que foi alvo da operação Perfídia e teve o computador apreendido pela polícia. 

No entanto, nega que tenha relação com a quadrilha investigada. Diz acreditar que tenha havido um novo engano, relacionado com o roubo de seus documentos.

Convidado para uma entrevista pessoal, o homem se recusou com a justificativa de que mora em São Paulo. Além disso, disse que só poderia conversar com a reportagem pessoalmente após prestar depoimento à PF, marcado para a próxima terça-feira (2).

Numa tentativa de confirmar estas informações, o Campo Grande News tentou contato com a Polícia Federal em Brasília, que conduziu as investigações da operação Perfídia, deflagrada na quarta-feira (23). Na Superintendência da PF, as ligações não foram atendidas nesta sexta-feira (28).

Com o CPF de homem, a reportagem fez uma busca no banco de dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) e não consta como falecida. Além disso, na Justiça Estadual ele é réu em dois processos, de cobrança de banco e Fazenda Pública Estadual.

Apesar disso, em documento da PF consta que “em breve análise realizada em sistemas oficiais disponíveis, verificou-se que o mesmo surge como representante legal de outras empresas, faleceu durante o ano de 2013, conforme relatório de situação cadastral junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil, com a anotação do cancelamento do CPF por encerramento do espólio.”

Foi com base neste relatório que Estadão e Revista Veja teriam escrito as reportagens ‘Offshore da Venezuela operou transação de US$ 5 bi investigada na Perfídia’, e ‘Quadrilha teria lavado 5 bilhões de dólares em nome de um morto’, utilizadas pelo Campo Grande News como fundamento para publicação de reportagem 'Campo-grandense morto pode ter sido usado para lavagem de US$ 5 bilhões'.

Suposto laranja - De acordo com o que foi apurado pelo jornal Estadão, documentos apreendidos no escritório da advogada Cláudia Chater, presa pela Polícia Federal ontem, dão conta de uma transação de US$ 5 bilhões de uma offshore - nome dado a empresas abertas em paraísos fiscais - com sede em Miranda, na Venezuela, a um banco sediado em Copenhagen, na Dinamarca.

O relatório da Operação Perfídia, segundo jornal, atribui a este homem o papel de representante legal da offshore na Venezuela.

Ainda conforme a reportagem, em contrato privado de transação de investimento, redigido em inglês, encontrado no escritório de Cláudia Chater, o banco adquiriu da Offshore Bs, um trilhão e quinhentos bilhões de Bolívares Venezuelanos – VEF, que, submetido a taxa de conversão aplicada a trezentos Bolívares Venezuelano equivalentes a US$ 1 (um Dólar), resultou no pagamento do valor totalizado de US$ 4.833.333.333,33 (quatro bilhões e oitocentos e trinta e três milhões e trezentos e trinte e três mil e trezentos e trinta e três Dólares e trinta e três centavos).

Suposto laranja morto ‘reaparece’ e diz que vai prestar depoimento à PF
Parte do relatório da PF, conforme apurou o jornal Estadão. (Foto: Reprodução/ Estadão)

O homem seria um dos integrantes do "núcleo de pessoas interpostas" da organização criminosa investigada, "composto por indivíduos que auxiliam o grupo investigado, preservando a real identidade dos que adquirem imóveis, remetem dinheiro ao exterior e na administração de pessoas jurídicas vinculadas ao grupo (agências lotéricas e hotéis, postos e outros) e offshore".

Também seriam responsáveis pela offshore, segundo o jornal, envolvidos com o mesmo grupo, Joaquim Pereira Paulo Neto e Simei Bezerra da Silva. Eles teriam sido cooptados por Edvaldo Pinto, também preso na Perfídia, investigado por "atender demandas" de Cláudia Chater.

Nos siga no Google Notícias