Campo-grandense morto pode ter sido usado para lavagem de US$ 5 bilhões
O homem era o representante legal de uma das empresas do grupo num paraíso fiscal
O campo-grandense, que morreu em 2013, é apontado como um dos principais ‘laranjas’ de uma organização criminosa investigada por 'lavar' US$ 5 bilhões. O caso é investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Perfídia, deflagrada na quarta-feira (23).
De acordo com o que foi apurado pelo jornal Estadão, documentos apreendidos no escritório da advogada Cláudia Chater, presa pela Polícia Federal ontem, dão conta de uma transação de US$ 5 bilhões de uma offshore - nome dado a empresas abertas em paraísos fiscais - com sede em Miranda, na Venezuela, a um banco sediado em Copenhagen, na Dinamarca.
O relatório da Operação Perfídia, segundo jornal, atribui a este homem o papel de representante legal da offshore na Venezuela.
Ainda conforme a reportagem, em contrato privado de transação de investimento, redigido em inglês, encontrado no escritório de Cláudia Chater, o banco adquiriu da Offshore Bs, um trilhão e quinhentos bilhões de Bolívares Venezuelanos – VEF, que, submetido a taxa de conversão aplicada a trezentos Bolívares Venezuelano equivalentes a US$ 1 (um Dólar), resultou no pagamento do valor totalizado de US$ 4.833.333.333,33 (quatro bilhões e oitocentos e trinta e três milhões e trezentos e trinte e três mil e trezentos e trinta e três Dólares e trinta e três centavos).
O problema constatado pela PF, ainda conforme o jornal, é que o homem, nascido em Campo Grande, faleceu em 2013. O contrato, portanto, teria sido formalizado por um morto.
O mesmo seria um dos integrantes do "núcleo de pessoas interpostas" da organização criminosa investigada, "composto por indivíduos que auxiliam o grupo investigado, preservando a real identidade dos que adquirem imóveis, remetem dinheiro ao exterior e na administração de pessoas jurídicas vinculadas ao grupo (agências lotéricas e hotéis, postos e outros) e offshore".
Também seriam responsáveis pela offshore, segundo o jornal, envolvidos com o mesmo grupo, Joaquim Pereira Paulo Neto e Simei Bezerra da Silva. Eles teriam sido cooptados por Edvaldo Pinto, também preso na Perfídia, investigado por "atender demandas" de Cláudia Chater.
Suposto empresário - Em uma busca rápida na internet, ele aparece como proprietário de três empresas. Uma em São Paulo e duas em Mato Grosso do Sul.
A empresa de São Paulo, teria sido aberta em 2014, com capital social de R$ 100 mil, conforme o site Consulta Sócio.
Já quanto às empresas instaladas em Mato Grosso do Sul. A primeira teria sido aberta em Corumbá, no ano de 2010 e capital de R$ 150 mil. A outra, aberta em 2011 e capital de R$ 30 mil.
Para confirmar as informações, o Campo Grande News entrou em contato com a PF, que afirmou que as investigações referentes ao caso estão em sigilo, portanto, nada pode ser divulgado.