ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, QUINTA  02    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Testes com “bactéria antidengue” na Capital vão começar pelas Moreninhas

Sesau confirmou entendimento para espalhar exemplares do Aedes aegypti com Wolbachia pela região; data ainda será definida

Humberto Marques | 19/07/2019 17:33
Mandetta, durante evento em abril na Capital que confirmou a realização de testes com o Wolbachia; ação incluiu as Moreninhas como ponto de partida. (Foto: Ministério da Saúde/Divulgação)
Mandetta, durante evento em abril na Capital que confirmou a realização de testes com o Wolbachia; ação incluiu as Moreninhas como ponto de partida. (Foto: Ministério da Saúde/Divulgação)

A região das Moreninhas, no sul de Campo Grande, deve ser uma das primeiras da cidade a receber exemplares do mosquito Aedes aegypti –transmissor da dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela– infectados com a bactéria Wolbachia pipentis, em uma técnica que visa a inibir a transmissão das doenças. Os dados foram confirmados pela CCEV (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetorias) da Secretaria Municipal de Saúde.

A data exata para início dos testes ainda será confirmada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que comanda a pesquisa. Vagner Ricardo dos Santos, gerente técnico da CCEV e à frente das ações de combate ao Aedes na Sesau, afirma que o início dos trabalhos nas Moreninhas foi definido após conversas com lideranças da comunidade.

A expectativa era de que, nos próximos dias, fosse iniciado treinamento da Fiocruz visando a preparação de equipes para os testes e monitoramento dos insetos portadores da bactéria. “A data, infelizmente, ainda não foi fechada. Estamos organizando, em processo de engajamento e definição das áreas para testes”, destacou Vagner, reiterando que a realização das ações nas Moreninhas já foi definida.

A Wolbachia é observada há quase 80 anos em mosquitos da espécie Culex, sendo identificada em 70% dos insetos do mundo. Pesquisas realizadas pela Fiocruz e outras instituições indicam que a bactéria é capaz de bloquear a transmissão das doenças pelo Aedes –que é contaminado já nos ovos da fêmea. Em 2011, a Austrália realizou testes com mosquitos infectados com o microorganismo e, em cinco semanas, constatou-se a presença da Wolbachia em quase 100% desses insetos nas regiões-alvo –já que mosquitos contaminados se reproduziram com outros sem a bactéria.

Método – O Ministério da Saúde pretende usar o “método Wolbachia” para conter surtos de dengue em cidades com mais de 500 mil habitantes. Campo Grande, que esporadicamente registra surtos e epidemias de dengue, entrou no roteiro do projeto, assim como as cidades de Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). A cidade do Rio de Janeiro também já recebeu os testes.

Na noite de quinta-feira (18), representantes das Moreninhas e da CCEV discutiram na Câmara de Campo Grande, em reunião intermediada pelo vereador Francisco Telles (PSD), a realização do projeto, sendo defendida a mobilização de moradores para colaborarem com a ação. Na ocasião, o assessor técnico da Sesau, Lourival Pereira de Araújo, explicou que a escolha da região para os testes é o fato de os bairros terem o porte de uma cidade –estima-se que mais de 20 mil pessoas vivem nos bairros da região.

Os trabalhos devem envolver a dispersão de ovos do Aedes infectados com a bactéria, para que eclodam e os insetos se espalhem, disseminando a Wolbachia. Em abril, durante anúncio sobre a realização do projeto na Capital, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou que o método é uma estratégia complementar, ainda sendo necessário que a população e os governos façam sua parte. Os testes devem durar três anos.

Mandetta destacou que a técnica é segura para o meio ambiente e as pessoas, já que a bactéria vive apenas na célula dos insetos, não havendo modificações genéricas no Aedes.

Nos siga no Google Notícias