ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
DEZEMBRO, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 29º

Capital

Trabalhadores voltam a protestar na Santa Casa e PM é chamada para conter ânimos

Mobilização ocorre no saguão do hospital; funcionários de diversos setores seguem sem receber o 13º salário

Por Jhefferson Gamarra e Gabi Cenciarelli | 23/12/2025 16:28

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Trabalhadores da Santa Casa de Campo Grande realizaram novo protesto nesta terça-feira (23) pelo não pagamento do 13º salário. A manifestação, que reuniu funcionários de diversos setores, teve momento de tensão após a administração do hospital acionar a Polícia Militar. Os manifestantes, que negam qualquer ato de violência, consideram a presença policial uma forma de intimidação. O Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS informou que não houve acordo com a direção do hospital e que, caso não haja avanço nas negociações, uma greve formal será organizada.



Trabalhadores da Santa Casa voltaram a se mobilizar na tarde desta terça-feira (23), no saguão do hospital, em protesto pelo não pagamento do 13º salário. A manifestação reuniu funcionários de diferentes setores, como enfermagem, tapeçaria, limpeza e almoxarifado, que seguem sem receber o benefício. Durante o ato, a Polícia Militar foi acionada pela gestão, o que gerou revolta entre os manifestantes.

De acordo com os trabalhadores, a mobilização ocorre de forma pacífica e tem como objetivo pressionar a administração por uma resposta concreta sobre o pagamento do 13º. A presença da polícia, no entanto, foi interpretada como uma tentativa de intimidação.

“Nós estamos sendo acuados, porque estamos numa mobilização pacífica. Não há necessidade de policiamento, não há necessidade de chamar a Polícia Militar, como houve por parte da gestão da empresa”, afirmou o tapeceiro da Santa Casa, Ivanhoe da Silva. Segundo ele, os trabalhadores não têm acesso às negociações que ocorrem internamente nem sabem qual versão está sendo repassada pela administração às forças de segurança.

Trabalhadores voltam a protestar na Santa Casa e PM é chamada para conter ânimos
Polícia Militar chegando em meio aos trabalhadores no protesto (Foto: Gabi Cenciarelli)

Ivanhoe também relatou que, em determinado momento, alguns manifestantes chegaram a entrar na recepção do hospital, mas logo se retiraram. “Nós estamos classificando como ameaça o policiamento que está havendo aqui em nossa movimentação. Até o exato momento, a gestão nem aparece para nos dar uma esperança acerca daquilo que nós realmente estamos aqui reivindicando”, lamentou.

O clima ficou mais tenso à medida que os trabalhadores afirmam não receber qualquer devolutiva, nem da gestão nem dos sindicatos. A enfermeira Neuzita Venâncio, de 28 anos, disse que a polícia foi chamada após a administração alegar, segundo ela de forma equivocada, que haveria uma tentativa de invasão.

“Eles chamaram a polícia porque a presidente está com medo da gente invadir. Porque a gente foi um pouquinho mais pra cima. Ela falou que a gente estava invadindo a sala dela, coisa que não é verdade. Não precisava chamar a polícia. A gente não quer invadir, a gente só quer receber o nosso salário, o nosso 13º”, afirmou.

Trabalhadores voltam a protestar na Santa Casa e PM é chamada para conter ânimos
Enfermeira protestanto pela falta de pagamentod o 13º (Foto: Gabi Cenciarelli)

A insatisfação também envolve a indefinição sobre os próximos passos do movimento. A enfermeira Mariana de Almeida Braga, de 30 anos, explicou que a paralisação tem prazo legal de 48 horas, e que, após esse período, o sindicato precisa adotar medidas formais para decretar greve.

“A gente tem um prazo de 48 horas só pra paralisação. Após isso, o sindicato tem que dar uma ação pra poder decretar a greve. Só que ele só quer fazer isso na segunda-feira. E a gente quer isso pra agora”, disse.

Questionada se os trabalhadores pretendem retornar às atividades sem o pagamento do 13º, Mariana foi enfática. “Não. Enquanto o nosso 13º não for pago. Eles não têm nem previsão de pagamento. Temos famílias. Muitos aqui são mães solos, somos o sustento da nossa casa. É revoltante. A gente dá a vida pelas pessoas todos os dias. Mesmo na greve dos ônibus, estávamos aqui. É justo, é nosso direito”, afirmou.

Durante o protesto, também circularam informações entre os funcionários de que sindicatos teriam aceitado algum acordo sem consultar a base, o que foi negado pelo presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS), o enfermeiro Lázaro Santana.

“Não, nós não aceitamos nenhuma proposta. Nós estamos aguardando uma reunião. Eles estão lá de portas fechadas e a gente está de fora aguardando. Não sei o que vai ser passado para eles”, explicou. Segundo Santana, não houve apresentação formal de nenhuma proposta até o momento. “Nós não recebemos nenhuma proposta, nenhuma”, reforçou.

Trabalhadores voltam a protestar na Santa Casa e PM é chamada para conter ânimos
Viaturas posicionadas na entrada principal do hospital (Foto: Gabi Cenciarelli)

Sobre a presença da Polícia Militar, o presidente do sindicato disse não compreender o motivo do acionamento. “Eu não sei por que a polícia foi chamada. Nosso pessoal está tranquilo, organizado. Claro que eles estão inflamados porque não receberam, o que é um direito deles, mas está tudo tranquilo”, afirmou.

O líder do sindicato também esclareceu que parte dos enfermeiros começou a receber pagamento referente ao piso salarial nesta terça-feira, mas destacou que esse recurso não está relacionado à situação financeira da Santa Casa, tampouco com o décimo terceiro. “Esse é um recurso do governo federal, que já estava organizado para receber. Não é o piso da Santa Casa, não resolve o déficit da Santa Casa”, disse.

Ele confirmou ainda que, caso não haja avanço nas negociações, o sindicato deve iniciar a organização de uma greve formal. “A partir do momento que termina a mobilização, eu já começo a organizar para a greve propriamente dita”, afirmou.

Os policiais militares que estiveram no local informaram que foram acionados devido a um suposto tumulto. Apesar dos protestos, não houve episódio de confrontos entre manifestantes e PM.