Trauma com H1N1 e descaso de clientes faz comerciante se proteger com grades
Mesmo com banner, cartazes e álcool em gel, orientações não funcionaram e Lidiani, que já teve H1N1, resolveu cercar comércio

A comerciante Lidiani Pozzan, de 32 anos, bem que tentou. Cumpriu certinho as recomendações da prefeitura, disponibilizou álcool em gel e solicitou distanciamento dos clientes, mas não adiantou. Por fim, resolveu colocar grades de proteção em suas duas lojas.
Ao lado uma da outra, a proteção extra foi instalada na casa de ovos e na loja de produtos a granel da família, na Avenida Souto Maior. O motivo de tanto receio é ter sentido na pele os efeitos de uma doença nova. Em 2009 diz que foi um dos primeiros casos confirmados de H1N1.
O marido, que trabalhava com ela vendendo ervas para tereré, está há mais de um mês em casa cuidando dos pais e da filha de 9 anos. “A gente preferiu deixar ele tomando conta e eu na loja. Antes de voltar, confiro se tem que passar no supermercado todo dia, para não ter que sair de novo depois”.
Essa é a segunda doença grave que a faz mudar de rotina. Há 11 anos, Lidiani foi parar no hospital por conta da H1N1. O trauma a fez redobrar os cuidados após a circulação do novo vírus. “Em 2009 eu fui o primeiro caso de H1N1 no Estado, peguei em uma viagem que fui para Bela Vista. Fiquei 12 dias no Hospital Regional em isolamento”.
As grades foram alternativa radical para clientes que não respeitam o limite de entrada, mesmo com as vendas em queda.
“No começo demarcamos o chão, explicamos que era permitido apenas um por vez no interior da loja, colocamos mesa com álcool em gel do lado de fora e até um banner com as recomendações. O povo não respeita, entra tudo de uma vez, quer se amontoar. Tivemos que colocar a grade”, explica.

A máquina de cartão também é um problema para Lidiani na hora de atender. Apesar de embalada com papel plástico, trocado a cada cliente que digita a senha, muitos ainda insistem. “Tem gente que acha ruim, fala que não da pra enxergar os números com o plástico passado no visor. Mas 70% dos clientes são idosos, é perigoso”.
Uma das lojas vende ervas a granel. Para evitar contato como produto, ela também esteriliza o pegador, deixado dentro das caixas. “Passo álcool na concha que fica dentro da caixa, aqui também tinha a opção do cliente moer seu próprio café, não da para fazer mais por causa do contato, e só ficou eu trabalhando, não tem tanto movimento mesmo”.
Ainda segundo ela, as lojas ficaram fechadas duas semanas no começo deste mês por causa da pandemia. Após a tia ficar desempregada, a solução foi coloca-la como atendente na loja de ovos, fato que, conforme Lidiani, aumentou ainda mais a preocupação, por serem parentes.