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Capital

Um a cada três assassinatos acontece na região urbana do Anhanduizinho

Dados do ano passado da Sejusp mostram que a região, de bairros como o Aero Rancho e Piratininga, maior e mais populosa da cidade, foi a que mais registrou casos de homicídio da cidade

Rafael Ribeiro | 13/01/2017 11:45
Luiz Eduardo Lopes foi executado a tiros no Aero Rancho em agosto; Caso permanece sem solução (Foto: Julia Kaifanny)
Luiz Eduardo Lopes foi executado a tiros no Aero Rancho em agosto; Caso permanece sem solução (Foto: Julia Kaifanny)
Edvaldo Mendonça Ferreira foi morto em junho: suspeita é de acerto de contas com o tráfico (Foto: Silas Lima)
Edvaldo Mendonça Ferreira foi morto em junho: suspeita é de acerto de contas com o tráfico (Foto: Silas Lima)
Ismael Antônio da Silva foi cobrar amigo no Los Angeles e acabou morto, em setembro (Foto: Divulgação/PM)
Ismael Antônio da Silva foi cobrar amigo no Los Angeles e acabou morto, em setembro (Foto: Divulgação/PM)

Região urbana mais populosa e extensa de Campo Grande, o Anhanduizinho é também a que mais registrou casos de assassinatos na cidade no ano passado.

Dados obtidos pelo Campo Grande News via Lei de Acesso à Informação apontam que ao todo, 35 homicídios foram registrados na área que abriga 137 bairros da cidade até novembro de 2016, último mês em que o dado foi disponibilizado pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).

Na média, um a cada três dos 112 assassinatos ocorridos em Campo Grande no ano de 2016 ocorreram nos bairros vizinhos de Jardim Aero Rancho, Vila Piratininga, Taquarussu, Los Angeles e Jockey Club, entre outros.


Nos estudos da Polícia Civil, mais do que a área territorial e a população de cerca de 300 mil habitantes, quase a metade de Campo Grande, que tornaria o Anhanduizinho a segunda cidade mais populosa de Mato Grosso do Sul, a região tem um fator elevador dos casos de assassinatos: o tráfico de drogas.


“É o principal vetor (da região, o tráfico)”, disse o delegado Wellington de Oliveira, vereador pelo PSDB, e autor de estudos de criminalísticas dos bairros da cidade. “Homicídio é um crime eventual, pode acontecer por qualquer detalhe. Mas lá observamos o históricos de envolvimento das vítimas e autores com a venda de entorpecentes”, completou.


O número grande de outras ocorrências na cidade ocorridas na região justificaria também, segundo Oliveira, sua quantidade de assassinatos. “O Anhanduizinho responde por 25% de todas as ocorrências policiais de Campo Grande”, destacou.


Epidemia –
Segundo os dados da própria Sejusp, Campo Grande registra dados considerados epidêmicos de homicídios. A taxa atual é de 13,1 assassinatos para cada 100 mil habitantes, número maior que a média de 10, máximo considerado aceitável pela Organização das Nações Unidas.


A taxa da capital sul-mato-grossense, embora menor que a de outras capitais brasileiras, é maior que a de países da América como Canadá (1,8), Chile (4,6), Cuba (5), Estados Unidos (5,4), Argentina (6) e Uruguai (7,9).


A divisão interna da cidade oferece uma diferença semelhante nos casos de assassinatos. As regiões de Segredo, com 23 mortes violentas, e Bandeira, com 22, aparecem completando o topo do ranking com mais casos registrados.


Por outro lado, Prosa (16), Imbirussu (10), Centro (4) e Lagoa (2) são as com menos casos de homicídios registrados.


Oliveira assegura que apesar da taxa alta, a Polícia Civil de Campo Grande se destaca pelo alto número de solução do caso. “Quase que 100% dos casos já há a identificação dos autores. Justamente pro serem motivados por brigas antigas”, disse.


Como vereador, o delegado planeja propor em seu novo mandato que se iniciou no início do mês uma série de medidas para tentar ajudar, ao menos, a amenizar o número de casos, como horário limite para funcionamento de bares.


“A maioria das brigas surgem em bares. Nosso objetivo é regulamentar, através de lei, o horário de funcionamento. Queremos também oferecer escola integral às crianças, esportes, lazer, cultura e oportunidade de emprego aos jovens dessas áreas mais vulneráveis”, promete o vereador-delegado, reconhecendo contudo que o processo “é a longo prazo.”

Questionados sobre o assunto, Sejusp e polícias Civil e Militar de Mato Grosso do Sul não responderam a reportagem até a conclusão desta reportagem.

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