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Capital

Um mês depois de ‘se livrar’ de pai estuprador, garota continua em abrigo

Adolescente ainda espera autorização da Justiça para voltar a morar com a mãe

Luana Rodrigues | 22/06/2017 16:19

Um mês após denunciar estupros e agressões que sofria dentro de casa, a adolescente que viveu como esposa do próprio pai durante cerca de cinco anos, ainda está num abrigo. A Justiça não autorizou a volta da menina de 14 anos para casa da mãe, que a visita quase todos os dias.

De acordo com a advogada Micheli Saracho, os feriados da última semana, e prazos que precisam ser respeitados pela Justiça, ‘atrasam’ um pouco a volta da garota de 14 anos para casa. Enquanto isso, o alento da menina são as visitas da mãe, dia sim, dia não, no abrigo em que ela está.

“As duas tem conversado muito, se veem quase todos os dias, mas nossa esperança é que a autorização da Justiça saia ainda nesta semana para que fiquem juntas definitivamente”, disse a advogada.

A comerciante, de 37 anos, mãe da adolescente, precisou passar por exame toxicológico para reaver a guarda da filha. Com  resultado negativo em mãos, ela entrou com uma ação na Justiça e agora aguarda a decisão para ter a menina de volta dentro de casa.

O pai da adolescente, de 38 anos, que não terá a identificação divulgada nesta reportagem, para que se preserve a vítima, continua preso.

Estupro e agressões - Após viver cinco anos sofrendo estupros e agressões dentro de casa, a adolescente de 14 anos denunciou o próprio pai à polícia. O homem foi preso no dia 28 de maio, depois que a menina apresentou um vídeo dos abusos praticados por ele, que, conforme as investigações, já mantinha com ela uma relação forçada de marido e mulher.

A garota procurou a polícia no dia 21, ao lado da mãe, de quem havia sido afastada pela Justiça, supostamente, por sofrer maus-tratos, omissão e negligência.

Na delegacia, a garota apresentou um vídeo em que o pai, no dia do aniversário dela, a estuprava dentro da casa onde os dois moravam, na região da Avenida Julio de Castilho. A mãe contou que a filha era abusada pelo ex-marido e pediu a prisão dele.

Com a prova nas mãos, a polícia acolheu a denúncia da garota e indiciou o pai por estupro de vulnerável. A menina também passou por exames de corpo de delito e foi encaminhada a um abrigo, já que não poderia conviver com a mãe, por conta de uma ordem da Justiça de 2015.

Histórico de violência - Com o suspeito preso e adolescente abrigada, em análise e investigação do caso, a delegada responsável descobriu que a garota já está envolvida como vítima em processos desde 2011.

No primeiro deles, o crime registrado é de ameaça, em 2011. O segundo registro, feito em 2015 foi de maus-tratos.

No terceiro registro, também em 2015, a adolescente denunciou o pai por estupro. Em uma quarta vez, a garota denunciou um tio pelo mesmo crime. E por último, já em 2016, a vítima fez um registro de violência doméstica.

O Campo Grande News procurou a titular da Vara de Infância, Juventude e Idoso de Campo Grande, que também é coordenadora da Infância e Juventude do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Katy Braum, por mensagem, a juíza se limitou a dizer que:

“Infelizmente a Lei Orgânica da Magistratura me impede de falar sobre os processos que estão sob minha jurisdição”, e completou solicitando que a reportagem entrasse em contato com a assessoria de imprensa do TJ.

A assessoria respondeu que o caso segue sob os cuidados do juiz Marcelo Ivo, da 7ª Vara Criminal, e que ele não poderia comentar as circunstâncias do processo, pois está em segredo de Justiça.

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