Um mês depois de ‘se livrar’ de pai estuprador, garota continua em abrigo
Adolescente ainda espera autorização da Justiça para voltar a morar com a mãe
Um mês após denunciar estupros e agressões que sofria dentro de casa, a adolescente que viveu como esposa do próprio pai durante cerca de cinco anos, ainda está num abrigo. A Justiça não autorizou a volta da menina de 14 anos para casa da mãe, que a visita quase todos os dias.
De acordo com a advogada Micheli Saracho, os feriados da última semana, e prazos que precisam ser respeitados pela Justiça, ‘atrasam’ um pouco a volta da garota de 14 anos para casa. Enquanto isso, o alento da menina são as visitas da mãe, dia sim, dia não, no abrigo em que ela está.
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“As duas tem conversado muito, se veem quase todos os dias, mas nossa esperança é que a autorização da Justiça saia ainda nesta semana para que fiquem juntas definitivamente”, disse a advogada.
A comerciante, de 37 anos, mãe da adolescente, precisou passar por exame toxicológico para reaver a guarda da filha. Com resultado negativo em mãos, ela entrou com uma ação na Justiça e agora aguarda a decisão para ter a menina de volta dentro de casa.
O pai da adolescente, de 38 anos, que não terá a identificação divulgada nesta reportagem, para que se preserve a vítima, continua preso.
Estupro e agressões - Após viver cinco anos sofrendo estupros e agressões dentro de casa, a adolescente de 14 anos denunciou o próprio pai à polícia. O homem foi preso no dia 28 de maio, depois que a menina apresentou um vídeo dos abusos praticados por ele, que, conforme as investigações, já mantinha com ela uma relação forçada de marido e mulher.
A garota procurou a polícia no dia 21, ao lado da mãe, de quem havia sido afastada pela Justiça, supostamente, por sofrer maus-tratos, omissão e negligência.
Na delegacia, a garota apresentou um vídeo em que o pai, no dia do aniversário dela, a estuprava dentro da casa onde os dois moravam, na região da Avenida Julio de Castilho. A mãe contou que a filha era abusada pelo ex-marido e pediu a prisão dele.
Com a prova nas mãos, a polícia acolheu a denúncia da garota e indiciou o pai por estupro de vulnerável. A menina também passou por exames de corpo de delito e foi encaminhada a um abrigo, já que não poderia conviver com a mãe, por conta de uma ordem da Justiça de 2015.
Histórico de violência - Com o suspeito preso e adolescente abrigada, em análise e investigação do caso, a delegada responsável descobriu que a garota já está envolvida como vítima em processos desde 2011.
No primeiro deles, o crime registrado é de ameaça, em 2011. O segundo registro, feito em 2015 foi de maus-tratos.
No terceiro registro, também em 2015, a adolescente denunciou o pai por estupro. Em uma quarta vez, a garota denunciou um tio pelo mesmo crime. E por último, já em 2016, a vítima fez um registro de violência doméstica.
O Campo Grande News procurou a titular da Vara de Infância, Juventude e Idoso de Campo Grande, que também é coordenadora da Infância e Juventude do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Katy Braum, por mensagem, a juíza se limitou a dizer que:
“Infelizmente a Lei Orgânica da Magistratura me impede de falar sobre os processos que estão sob minha jurisdição”, e completou solicitando que a reportagem entrasse em contato com a assessoria de imprensa do TJ.
A assessoria respondeu que o caso segue sob os cuidados do juiz Marcelo Ivo, da 7ª Vara Criminal, e que ele não poderia comentar as circunstâncias do processo, pois está em segredo de Justiça.