Viúva de homem morto pela polícia nega que foi agredida pelo marido; PM refuta
Adilson Salomão, de 50 anos, foi morto ao atacar policial que atendia ocorrência de violência doméstica

Viúva de Adilson Rodrigues Salomão, de 50 anos, morto com dois tiros após atacar policiais militares com uma faca, na noite de sexta-feira (9), na Rua Domingos Belantani, no Bairro Parque do Lageado, em Campo Grande, negou que foi agredida pelo marido.
A mulher, de 61 anos, que preferiu não se identificar, atendeu a equipe do Campo Grande News na casa onde morava com a vítima e duas filhas. A viúva contou que na noite do crime o homem se desentendeu com sua neta e ela mesma chamou a polícia para amenizar a discussão.
“Ele foi tomar cerveja com a minha neta na casa dela e os dois bêbados começaram a brigar por causa de uma extensão. Ele veio embora e ela veio atrás, ficaram discutindo, eu pedia para ela ir embora e ela não ia. Passou um tempo ela foi embora. Quando eu pensei que as coisas tinham acalmado, minha neta voltou e a confusão continuou”.
Neste momento, a mulher relata que o marido tinha uma foice e estava dentro do quintal da casa e, quando foi acertar a neta, que se encontrava do lado de fora, sua filha entrou na frente e foi atingida com um golpe no braço. “Minha neta estava endemoniada, não parava de brigar, ela veio aqui com uma faca e ficou falando que ia matar ele e dando facada no portão, depois começou a tacar pedra. Ela ficou mais brava quando ele acertou a mãe dela. Em seguida levou a mãe embora e ligou para meu neto, com medo que ele viesse até aqui eu chamei a polícia para apaziguar a situação”, relembra.
Segundo a idosa, quando a Polícia Militar chegou no local, o marido estava sentado em frente de casa. “Eles chegaram e mandaram ele erguer as mãos segurando a faca, ele levantou e mesmo assim atiraram nele, na minha frente”, afirma.
De acordo com a mulher, tudo foi muito rápido, quando ela se aproximou do marido ele já estava morto. “Eles não tinham o direito de matar ele assim. Eu assisti tudo, quando eu tentei me aproximar os policiais falaram que se eu chegasse perto eles iam atirar em mim. Depois chegou um monte de viaturas e eles ficaram, não chamaram bombeiro e nem Samu, eles mesmo entraram na minha casa e pegaram o lençol para cobrir o corpo", descreve.
A Polícia Militar foi procurada pelo Campo Grande News e informou que vai se manifestar sobre o caso.
Caso - A Polícia Militar foi acionada para atender caso de violência doméstica, por volta das 21h40, na sexta-feira (9). A informação era de que o homem estaria tentando matar a companheira e a filha dela na casa que fica na Rua Domingos Belantani. Quando chegou no local, a PM foi informada que as mulheres haviam fugido e procurado socorro.
Adilson foi encontrado sentado em uma cadeira, na frente de casa. Familiares informaram aos policiais que ele estava com uma faca na cintura e, quando os militares se aproximaram para fazer a abordagem, Adilson colocou a mão na cintura e retirou uma faca de açougue, com aproximadamente 25 centímetros.
Segundo boletim de ocorrência, ele tentou esfaquear um dos militares, que se afastou e pediu que largasse a arma, o que não foi obedecido. Adilson, novamente, tentou atacar o PM, que para se defender disparou com a arma de fogo contra a perna dele. Adilson caiu de joelhos e mais uma vez tentou esfaquear o policial, que efetuou mais um disparo, dessa vez atingindo a outra perna. Adilson não resistiu e morreu no local.
A vítima da violência doméstica, depois de ser atendida na unidade de saúde, retornou a casa. Ela conversou com os militares e mostrou onde estava escondida a foice utilizada para tentar matar ela e a filha. A mulher afirmou que o companheiro estava "totalmente disposto a matá-la e também a sua filha, mas conseguiram fugir", discorre a PM em boletim de ocorrência.
O caso foi registrado como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial.