Com 70% de evasão, currículo atrativo é opção para manter jovens na escola


O desafio de buscar um ensino de qualidade para evitar a evasão de jovens do Ensino Médio é o tema central do seminário que reúne membros do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) até esta sexta-feira (25), na Capital.
Além de autoridades da área de Educação de pelo menos 20 estados, a abertura oficial do evento também contou com a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Manuel Palácios.
A necessidade de investir e buscar na tecnologia um importante aliado para evitar que os estudantes abandonem a sala de aula foi ponto comum nos discursos das autoridades presentes. De acordo com a secretária de Estado, Maria Cecília Amêndola da Motta, é primordial preparar o professor para que ele acompanhe a evolução digital e mude seu olhar sobre o uso de recursos tecnológicos.
"É preciso incentivar a pesquisa através dos meios digitais, como os celulares, comum entre os alunos. O importante é saber diferenciar o momento do estudo do lazer. Basta apenas impor os limites, assim como a família deve fazer em casa", declara.
Do total de 250 mil estudantes que compõem a rede estadual, 91 mil estão no Ensino Médio e, segundo Maria Cecília, evitar a evasão é um esforço que depende da união de todos os setores envolvidos com a Educação. Um dos projetos aplicados pela secretaria de Estado de Educação para amenizar o problema, é o AJA (Avanço do Jovem na Aprendizagem), direcionado a jovens de 15 a 17 anos e atualmente é desenvolvido em sete municípios, beneficiando mil estudantes nessa faixa etária.
A secretária explica que o projeto, que funciona como um resgate social e educacional, é voltado aos jovens que desistem da escola, mas desejam retornar os estudos. O problema é que as únicas opções seriam o ingresso no EJA (Educação de Jovens e Adultos), voltado a uma população mais velha ou retornar às classes com alunos de 9 e 10 anos. "Eram duas formas desestimulantes, por isso criamos o AJA, onde os profissionais procuram falar a língua dos jovens e, sobretudo, gostam de novidades tecnológicas", diz.
Segundo a secretária, o projeto tem surtido resultados positivos e a meta, em 2016 é ampliar para todas os municípios.
Para o governador Reinaldo Azambuja, outra meta importante a ser cumprida é elevar os indicadores de aprendizado dos nossos alunos. "Nossa meta é sair da nota de 3.4 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), para nota 5 até 2018", destacou o governador.
Para atingir o objetivo, Azambuja considera fundamental valorizar a carreira do magistério, oferecendo formação continuada e melhorando a estrutura das escolas. Ciente da escassez de recursos devido ao momento de crise que o país atravessa, o governador ressaltou que o fato não deve servir de impedimento para investir no setor. "Tudo depende de uma boa gestão. Quem sabe gerenciar os recursos em um momento de crise consegue suprir a escassez", afirmou.
Ainda segundo o governador, independente das propostas e decisões que saírem do seminário e que irão contribuir com um novo modelo de educação para o Ensino Médio, o importante é que elas sejam aplicadas na construção de uma política duradoura. "As gestões passam, mas os avanços e resultados positivos devem ficar para os próximos governos", disse.
O presidente do Consed, Eduardo Deschamps, apoia o incentivo às tecnologias como forma de atrair os jovens, mas diz que o sucesso do novo modelo do Ensino Médio, que tem a missão de reduzir o índice de evasão nacional, que hoje é de 70%, depende do casamento entre a Base Nacional Comum Curricular e um currículo que atenda as necessidades e demandas particulares de cada região do país.
Lançado no início do mês, o documento preliminar que trata da Base Nacional Comum foi elaborado por 116 especialistas de 35 universidades, sob coordenação do MEC. O objetivo é buscar a padronização de pelo menos 60% do currículo da educação básica.
Além disso, há a preocupação de fazer que o novo currículo tenha uma relação mais estreita com o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), buscando uma abordagem interdisciplinar da compreensão dos conteúdos dos alunos “Nosso objetivo nesse encontro é formatar um conjunto de propostas para contribuir com essa reformulação do ensino desenvolvido no Brasil, mas que também tenha um olhar para a realidade socioemocional dos estudantes”, afirmou Deschamps.
Outro ponto fundamental que deve ser estudado, segundo ele, é quanto a formação pedagógica do sprofessores. "Os cursos superiores estão muito formais. Precisamso preparar o professor para aquilo que ele vai realmentre encontrar na sala de aula e garantir que ele esteja apto a enfrentar as mudanças sociais", diz
O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Manuel Palácios, ressaltou que a união dos estados é fundamental para alinhavar o material já organizado pela Base Nacional Comum, que deve ser lançada em 2016. "Temos que ajustar as propostas às realidades diferenciadas para atender os jovens e definir quais habilidades são mais viáveis trabalhar com eles, buscando uma associação, inclusive, com a educação profissional, além de aprofundar os conteúdos obrigatórios", destaca.