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Cidades

Criada há 81 anos, 1ª escola de Campo Grande luta para continuar aberta

Jéssica Benitez | 23/08/2013 11:25
Alunos abraçam primeira escola municipal de Campo Grande (Foto: Cleber Gellio)
Alunos abraçam primeira escola municipal de Campo Grande (Foto: Cleber Gellio)

Quem nasceu antes da década de 80 e passa pela Avenida Calógeras, nº 405, sabe que o local tem grande representatividade na linha do tempo de Campo Grande. No endereço, funciona a primeira escola Municipal da Capital, Bernardo Franco Baís, fundada em 27 de fevereiro de 1932. Matriarca de inúmeros alunos, a unidade faz parte do patrimônio histórico, o prédio é tombado, e mesmo diante de trajetória relevante, a equipe de 60 funcionários luta para mantê-la aberta.

Hoje o colégio fez celebração simbólica de 81 anos para lincar com os 114 anos da cidade Morena, mas a comemoração não gira em torno de uma escola octogenária, mas sim de um bebê, já que a vida da Bernardo Franco Baís recomeçou no final de 2012, quando a presidente da APM (Associação de Pais e Mestres), a advogada Geovana da Silva, se juntou aos pais e professores e foi em busca de uma nova chance para a escola.

“Fomos até o gabinete do então prefeito Nelsinho Trad pedir que ele não fechasse a escola. No começo, ele foi resistente, disse que não tinha condições de manter aberta com tão poucos alunos, mas eu bati o pé. Me comprometi em correr atrás de mais estudantes e, no fim, ele cedeu em tudo”, contou a advogada, que tem três filhos matriculados no colégio.

Tudo começou em 2011 quando a escola só funcionava pela manhã do 6º ao 9º ano. O número de alunos começou a cair e os funcionários tinham que cumprir jornada em outras unidades educacionais à tarde. “Já não conseguíamos atender o público da região porque como é central só tem adulto. Começamos a mobilizar os bairros”, explicou a orientadora Maria Aparecida Martins.

O grande desafio era reativar o período vespertino. Foi aí que, depois de conversarem com Nelsinho, todos foram em busca de alunos. Com ajuda de fotos e vídeo de pessoas pedindo que o colégio não fosse fechado, o ex-prefeito liberou a pré-matrícula para pré e 1° ano em dezembro do ano passado, mas nem tudo estava garantido.

“Tínhamos que preencher as vagas da pré-matrícula, se não houvesse número o suficiente não conseguiríamos abrir turma”, disse Geovana. Fazendo jus ao ditado 'a união faz a força', o objetivo foi cumprido. Hoje a Baís conta com duas salas do pré e uma do primeiro ano do ensino fundamental. Ao todo são 480 alunos.

Reviver – Outro desafio é manter a importância histórica da escola acesa na memória das novas gerações. Na era das redes sociais não é uma tarefa fácil fazer com que os alunos parem para apreciar fotos e fatos antigos. “Por isso desde o ano passado temos trabalhado com a interação. Fazemos com que eles entrem na história por meio de atividades aqui na escola”, explicou a supervisora Fátima Aparecida Martinês.

Hoje, por exemplo, os quase 500 alunos se tornaram um só durante abraço coletivo no prédio da escola, tudo para demonstrar o afeto que todos têm pelo local. Nas prateleiras estão expostos troféus que o colégio ganhou ao longo do tempo para manter tudo fresco na recordação. No passado a iniciativa deu certo, tanto que a professora de ciências, Josiene Botelho, 23 anos, foi aluna entre os anos de 2002 e 2004 e agora leciona no mesmo quadro que completou exercícios na condição de estudante.

A orientadora Maria Aparecida conta com emoção o "renascimento" do colégio (Foto: Cleber Gellio)
A orientadora Maria Aparecida conta com emoção o "renascimento" do colégio (Foto: Cleber Gellio)

O exemplo de dedicação se estende. A aluna do 9º ano, Petra Vieira, 14 anos, tem as melhores notas. Ela não pretende dar aula, mas garante que quando de tornar médica obstetra se recordará do colégio que lhe proporcionou os primeiros passos. “Gosto muito daqui e estou sentindo saudade porque esse é meu último ano”, disse.

A comemoração contou também com ex-alunos. A técnica em contabilidade, Ana Espíndola, estudou no Baís há 25 anos. Foi lá que conseguiu o diploma e desde então não parou de trabalhar. Emocionada, ela tentou passar um pouquinho do que vivenciou aos alunos. “Ver vocês é como se eu voltasse no passado. Essa escola me trouxe formação profissional, deem valor e estudem também”, discursou.

A amizade entre os estudantes e os funcionários é visível. Maria Aparecida associa a relação intimista ao tamanho do colégio que só tem 10 salas. Em 1960 cerca de 2 mil alunos se matricularam e 150 funcionários trabalhavam na escola. Ao Campo Grande News ela disse que agora conhece todos os alunos pelo nome e ser tão próxima das turmas não tem preço, portanto, lutar diariamente pela vida da escola é pouco perto da satisfação em tê-los por perto.

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