Crime em família abre mutirão para julgar 80 acusados de homicídios

Um caso de assassinato em família abriu o mutirão para julgar 80 processos de homicídios represados nas duas Varas do Tribunal do Júri de Campo Grande. Para cumprir a meta do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), foi aberta uma terceira sala de julgamento no Fórum.
O primeiro a sentar no banco dos réus foi Evaldo da Anunciação Ramos, de 32 anos. Ele respondia em liberdade ao processo pela morte de Edinaldo Lira. O crime aconteceu em janeiro de 2006, no Jardim Canguru.
Conforme o processo, a vítima era ex-cunhado do acusado e perseguia a irmã de Evaldo. Segundo os depoimentos, a mulher apanhava do companheiro. Na pequena sala, se reuniram os sete jurados, defensor público e promotora. Nenhum amigo ou parente acompanhou o júri.
O Ministério Público pediu a condenação do acusado pelo crime de homicídio simples, mas os jurados absolveram o réu.
O juiz Fernando Chemin Cury veio de Aquidauana para reforçar o quadro de magistrados.
O caso mais antigo em que presidirá o julgamento é datado de 2004. “A finalidade é para colocar a pauta de julgamentos em dia”, afirma. O foco é agilizar os casos em que os réus estão em liberdade.
O mutirão será realizado todas as segundas e sextas-feiras, com um júri na 1ª Vara e outro na 2ª Vara. “O processo de homicídio gera muita polêmica. Tem o dolo eventual em caso de morte em acidente de trânsito. Vai agilizar os julgamentos”, afirma o titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri, juiz Carlos Alberto Garcete.
Drama familiar – Nesta sexta-feira, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, um caso fora do mutirão revela mais uma situação em que relacionamentos vão parar no banco dos réus. Claudinei Lima Menacho, de 35 anos, é julgado por tentativa de homicídio contra Jovânia Araújo dos Santos, de 33 anos. O casal dividiu o lar por sete anos e teve quatro filhos.
“Ele me tirou de dentro de casa com uma faca, me levou para um ‘trieiro’ e tentou me estrangular. A sorte foi que um ciclista me ajudou. Espero que seja condenado”, conta a vítima.
Mãe do réu, a empregada doméstica Matilde Barbosa Lima, de 53 anos, veio de Corumbá para assitir ao julgamento. “Ele vai ser solto, em nome de Jesus”, espera a mãe.