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Cidades

Delegado convoca pais para cobrar frequência de alunos

Redação | 24/06/2009 15:47

"A gente não quer ver o filho morto, nem envolvido com droga", diz a empregada doméstica Valdinéia, 38 anos, uma das diversas mães atendidas pelo projeto de Polícia Comunitária, desenvolvido pela 4ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.

Nesta quarta-feira, um grupo de pais foi chamado para conversar na delegacia, em uma tentativa de garantir a frequência dos alunos na escola. O filho mais velho de Valdinéia é um dos recordistas de faltas: não assistiu a 173 aulas, que juntas somam 34 dias perdidos.

Para não ver os filhos em nenhuma das situações citadas por Valdinéia, e em nenhum tipo de crime, que a também doméstica Neide, 35 anos, se comprometeu a acompanhar de perto a vida escolar da filha de 12 anos.

As duas mães assinaram hoje um termo de responsabilidade, assim como os filhos, de 14 e 16 anos e a filha de Neide.

Com o termo, pais e alunos se comprometem que não haverá mais faltas. O documento é só uma parte do trabalho, que começa com a direção das escolas. O objetivo é evitar que jovens fiquem nas ruas e assim, sujeitos a envolvimento em crimes.

A direção relaciona os alunos mais faltosos, encaminha a relação à Polícia Civil, que chama eles, direção e os pais para uma reunião.

Durante o encontro, que acontece em uma sala da delegacia, os alunos são questionados claramente sobre o porquê de não irem às aulas e ainda são "apresentados" à vida de preso.

De acordo com o delegado Welington Oliveira, responsável pelo projeto, eles fazem "um passeio" pelos corredores próximos à cela e vêem um pouco da realidade de quem comete crime.

O "choque de realidade" faz o aluno repensar a maneira com que está levando a vida e é um dos fatores determinantes para o compromisso de voltar às salas de aula. Na delegacia estão 80 presos. A capacidade é para 24.

Perigo - A filha de Neide foi flagrada na quinta-feira (16) em uma boca de fumo. "Nem passando a noite na delegacia ela aprendeu. Fala que não vai para a escola e pronto".

A mãe diz que dos cinco filhos dela, apenas a menina "dá trabalho". "A família toda fica triste. Ela é agressiva, rebelde e usuária de droga". Para Neide, o fato dela ter assinado o termo de responsabilidade, é uma esperança. "Tenho esperança dela mudar".

Além de Valdinéia e Neide, outros três pais, com os respectivos filho também participaram da conversa na manhã de hoje.

Destes seis alunos, cinco são da Escola Estadual Elvira Mathias de Oliveira, no Santo Eugênio.

De volta para a sala - A diretora, Sueli de Araújo Lima, conta que o trabalho tem ajudado a controlar a evasão escolar e também a tirar jovens da criminalidade e, em outros casos, evitar que eles entrem.

Ela conta que só um dos alunos faltou a 254 aulas, o que equivale a mais de 50 dias ao ano. "os pais foram acionados em março, mas só hoje procuraram a escola", reclama.

Para Sueli, o projeto também ajuda os pais na educação dos filhos. Ela explica que o trabalho começa quando a direção assume compromisso com a Promotoria da Infância de evitar a evasão escolar.

Valdinéia concorda com Sueli. "Eu acho ótimo, ajuda a cuidar do filho da gente, que trabalha o dia inteiro e não sabe o que acontece". Ela diz que o filho dela com 173 faltas alega que não vai à escola porque prefere estudar à noite. Ele está matriculado no período vespertino.

Segundo Valdinéia, nenhum dos filhos está envolvido com crimes. "Ele tem amigos, tenho medo de se envolver".

De acordo com o delegado, o projeto surgiu quando foram verificados determinados tipos de ocorrências. Crimes que poderiam ser evitados se houvesse conversa e um trabalho social. "Não é problema da Polícia, mas quando se torna crime é".

Ele explica que o trabalho vai além da prevenção. "Estamos conscientizando pais e adolescentes da realidade".

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