Novo exame com saliva pode acelerar diagnóstico de sífilis congênita em bebês
Método desenvolvido na UFMS alcançou 90% de precisão e pode reduzir custos hospitalares

Pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) desenvolveram um método rápido e não invasivo para o diagnóstico da sífilis congênita em bebês. O estudo, conduzido no Humap-UFMS/Ebserh (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), utiliza amostras de saliva associadas a técnicas de espectroscopia e inteligência artificial para identificar a doença com alta precisão.
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Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul desenvolveram um novo método de diagnóstico para sífilis congênita em bebês utilizando amostras de saliva. O procedimento, que combina espectroscopia e inteligência artificial, alcançou 90% de precisão nos testes iniciais. A técnica não invasiva representa um avanço significativo em relação aos métodos tradicionais, que são complexos e dependem de exames de sangue. O estudo surge em um momento crítico, com o aumento expressivo de casos no Brasil, que passou de 5,6 mil em 2007 para 25 mil em 2023.
A sífilis congênita é transmitida da mãe para o bebê durante a gestação, quando não há tratamento adequado da sífilis na gravidez. Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos no Brasil saltou de 5,6 mil em 2007 para 25 mil em 2023. A maioria das mães diagnosticadas tem entre 20 e 29 anos, com maior concentração de registros na região Sudeste.
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De acordo com a enfermeira e pesquisadora Deise Cristina Dal’Ongaro, autora do estudo, o diagnóstico tradicional é complexo, caro e depende de diversos exames invasivos, que podem gerar falhas e atrasar o início do tratamento. “Apesar de ser uma doença com tratamento acessível, ainda vemos muitas crianças com sequelas graves porque o diagnóstico precoce é difícil. A sífilis congênita é assintomática na maioria dos casos”, explica.
A pesquisa foi orientada pela professora Daniele Soares Marangoni, do Instituto Integrado de Saúde da UFMS, que já estuda os impactos da infecção no desenvolvimento neurológico de bebês. “O teste mais comum, o VDRL, exige coleta de sangue, tem baixa especificidade e muitas vezes precisa ser repetido. Isso encarece o processo e atrasa o diagnóstico”, afirma.
No estudo, foram analisadas 100 amostras de saliva de bebês de até 12 meses atendidos no Hospital Universitário. O material foi coletado com swabs estéreis e avaliado em parceria com o Laboratório de Óptica e Fotônica do Instituto de Física da UFMS.
O método alcançou 90% de precisão, com 100% de sensibilidade e 80% de especificidade, evitando falsos negativos. “A coleta é simples, indolor e de baixo custo. Isso pode facilitar o diagnóstico em larga escala e em locais de difícil acesso, onde exames tradicionais não estão disponíveis”, destaca Deise.
Segundo os pesquisadores, identificar a doença cedo reduz o tempo de internação e garante o início rápido do tratamento, evitando sequelas como paralisia cerebral e alterações visuais. O protocolo também diminui gastos hospitalares e pode se tornar uma ferramenta de triagem em sistemas de saúde de países em desenvolvimento.
O próximo passo é ampliar o número de amostras e aprimorar a técnica para criar uma versão portátil do exame, capaz de fornecer resultados em tempo real à beira do leito. “Nosso objetivo é tornar esse diagnóstico acessível mundialmente, com baixo custo e alta confiabilidade”, afirma Daniele.
O trabalho faz parte da dissertação de mestrado de Deise Cristina Dal’Ongaro no Programa de Saúde e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste da UFMS. Resultados do estudo também foram publicados no periódico internacional Scientific Reports, um dos mais citados no mundo.
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