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Cidades

Dom Dimas defende CIMI e diz que igreja tomou partido por demarcação

Viviane Oliveira | 04/06/2013 16:06
“Hoje o que os índios precisam se chama demarcação de terra”, diz Dom Dimas. (Foto: Marcos Ermínio)
“Hoje o que os índios precisam se chama demarcação de terra”, diz Dom Dimas. (Foto: Marcos Ermínio)

“Estou à disposição para ajudar no que for preciso”. A frase é do arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, se referindo ao auxilio que a ministra Gleisi Hoffmann pediu à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na pacificação, tanto com os índios, como com os fazendeiros em Mato Grosso do Sul.

Apesar de ainda não ter recebido nenhuma orientação formal, Dom Dimas considera a mediação de conflito uma tarefa disponível para qualquer pessoa que tenha boa vontade. “O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), que trabalha em comunhão com a CNBB há mais de 40 anos, vem assessorando e dando apoio às causas dos povos indígenas em todas as regiões do Brasil”, lembra.

Dom Dimas comenta que não são raras as acusações contra o CIMI de atividades ilícitas, porém o arcebispo defende a organização, reforçando que direitos dos índios são violados e por isso a igreja toma partido e defende com força a demarcação de terra.

“Os índios se tornaram muito discriminados e não compreendidos como diferentes. As pessoas querem que os índios sejam como os brancos, mas eles querem viver do jeito deles, a cultura deles, e eles têm esse direito”, afirma, acrescentando que os povos indígenas têm o direito de ser ouvidos.

Para o arcebispo o que traz a dificuldade em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em outras regiões são os erros do passado. “Quem vendeu essas terras para os agricultores foi o Estado, antigo Mato Grosso, com o consentimento da União. Então a União tem que reconhecer o próprio erro e indenizar aquele que comprou a terra de boa fé”, diz.

Quanto ao conflito envolvendo índios terenas e a Polícia que acabou na morte de Oziel Gabriel, de 35 anos, na última quinta-feira (30), Dom Dimas, afirma que os terenas estão cansados de esperar. “Eles esperaram 10, 15 e 20 anos. É justo esperar mais uma década pela demarcação?” questiona, dizendo que falta vontade política.

“Infelizmente um índio teve que morrer em confronto com a Polícia para que as autoridades se mobilizassem. Na verdade a luta dos Kaiowá Guarani, kadiwéus e dos terenas não vêm de agora”. Dom Dimas finaliza dizendo que quanto à demarcação de terras, Mato Grosso do Sul se tornou palco de situações mais gritantes.

Alternativa - O Governo Federal disse que vai rever o modelo de demarcação de terras para buscar mais segurança jurídica e transparência. A intenção é envolver no processo coordenado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) outros órgãos como o Ministério das Cidades, o Ministério de Desenvolvimento Agrário, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

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