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Cidades

Em busca de mentores, PF diz que grupo de MS é “laranja consciente”

" Todos tiveram algum tipo de benefício, ainda que mínimo", diz delegado sobre fraudes na UFPR

Aline dos Santos | 03/03/2017 11:46
PF investiga desvio de R$ 7 milhões na Universidade Federal do Paraná (Foto: Marcos Solivan/ Divulgação/ UFPR)
PF investiga desvio de R$ 7 milhões na Universidade Federal do Paraná (Foto: Marcos Solivan/ Divulgação/ UFPR)

A segunda fase da operação Research, que investiga fraudes de R$ 7 milhões na UFPR (Universidade Federal do Paraná), buscou nesta sexta-feira (dia 03) os destinatários finais do desvio de dinheiro e a PF (Polícia Federal) classifica os 30 beneficiários das bolsas de pesquisas, que inclui um grupo de Mato Grosso do Sul, como “laranjas conscientes”.

Na primeira etapa da ação, realizada em 15 de fevereiro, foram presas cinco pessoas no Estado. Nesta sexta-feira, um suspeito de ser falso bolsista foi alvo de condução coercitiva em Campo Grande. Ele foi detido para prestar depoimento na superintendência da Polícia Federal e liberado.

“Na realidade, existem laranjas inconscientes e conscientes. Neste caso, nós entendemos que a expressão mais correta seria de laranjas conscientes. Ou seja, todos tiveram algum tipo de benefício, ainda que mínimo, ou por meio de alguma troca, alguma ajuda dentro de um contexto de amizade”, afirma o delegado Felipe Hayashi, da Polícia Federal do Paraná.

A investigação aponta que o desvio de R$ 7,3 milhões seguia um esquema em que o valor era depositado para os falsos bolsistas, que repassavam a maior parcela do montante para os destinatários finais, ligados a duas funcionárias presas no dia 15 de fevereiro e uma terceira, servidora aposentada da UFPR, presa nesta sexta-feira. Segundo a polícia, esses três núcleos familiares comandavam a fraude.

Conforme o delegado, só após a quebra de todos os sigilos bancários será possível definir quanto ficou com os falsos bolsistas e quanto com os mentores do esquema. A PF ainda aponta a hipótese de que nem todas as transações terem sido bancárias, ou seja, o dinheiro por ter sido entregue em espécie. Foram identificados R$ 500 mil em transferências.

Primeira fase da operação Research foi realizada em 15 de fevereiro. (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Primeira fase da operação Research foi realizada em 15 de fevereiro. (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Alvo de segunda fase de operação foi ouvido hoje na PF de Campo Grande. (Foto: Fernando Antunes)
Alvo de segunda fase de operação foi ouvido hoje na PF de Campo Grande. (Foto: Fernando Antunes)

Hoje, foram presas cinco pessoas no Paraná: a servidora aposentada, filha e genro, além de duas filhas de Tânia Márcia Catapan, funcionaria presa desde 15 de fevereiro. Na primeira fase, Conceição Abadia de Abreu Mendonça, chefe da Seção de Controle e Execução Orçamentária da Universidade Federal do Paraná, também foi presa.

Ela nasceu em Campo Grande, contudo, não foi esclarecido qual a ligação entre as supostas mentoras do esquema e moradores da Capital. A operação apreendeu dinheiro, um veículo com valor acima de R$ 80 mil e uma arma.

Alvos - Na primeira fase, a investigação apontou que dois moradores de Campo Grande, mãe e filho, receberam os maiores valores individuais dos R$ 7,3 milhões que teriam sido desviados da UFPR. De acordo com relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), a assistente administrativo Maria Alba de Amorim Suarez foi beneficiária de pagamento de R$ 739.489 entre 2013 e 2016.

O segundo maior pagamento individual foi para Pedro Amorim Suarez Campos: R$ 638.376,10. Ele é filho de Maria Alba e irmão de Maria Eduarda Amorim Suarez Campos, que recebeu R$ 283.850, 10ª colocada no ranking do benefício. Maria Alba e Pedro têm registro no cadastro único para programas sociais do Ministério do Desenvolvimento.

O endereço da família em Campo Grande é o mesmo apresentado por Patrícia Vargas da Silva do Nascimento, beneficiária de R$ 158.850. O quinto morador em Mato Grosso do Sul apontado como beneficiário da bolsa destinada a pesquisadores é o advogado Arthur Constantino da Silva Filho, com valor de R$ 17.400. Todos chegaram a ser presos na ocasião. O nome da pessoa ouvida hoje não foi informado.

Defesa - No último dia 17 de fevereiro, a defesa do advogado Arthur Constantino da Silva Filho informou que, na verdade, ele foi contratado por uma das “cabeças” do esquema - Conceição Abadia de Abreu Mendonça - para atuar em nome dela na compra de uma casa em Campo Grande. Danilo Cristofaro, advogado de Arthur, afirmou ainda que o cliente nunca constou na lista de bolsistas da universidade e que tem como provar a inocência.

No dia 15 de fevereiro, a defesa de Maria Alba, Pedro Amorim e Maria Eduarda, informou que clientes disseram em depoimento à PF que não ficavam com o dinheiro. Eles recebiam o depósito, retiravam uma comissão e devolviam a terceiros. Os investigados como falso bolsistas podem responder por peculato e associação criminosa.

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