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Cidades

Em MS, doze cidades perderam médicos nos últimos sete anos

Ricardo Campos Jr. | 25/03/2015 16:56
Pedrossian Neto apresenta estudo sobre a demografia médica brasileira (Foto: Marcelo Calazans)
Pedrossian Neto apresenta estudo sobre a demografia médica brasileira (Foto: Marcelo Calazans)

Nos últimos sete anos, 12 cidades de Mato Grosso do Sul tiveram redução na quantidade de médicos. Situação é mais crítica em Vicentina, cidade com 5,7 mil habitantes a 255 km de Campo Grande, que não tem profissionais da área e encontra-se em situação pior que Serra Leoa, que tem pouco menos de 0,10 médicos para cada mil habitantes.

Também perderam profissionais Sonora, Inocência, Brasilândia, Rio Verde, Fátima do Sul, Batayporã, Água Clara, Antônio João, Mundo Novo, Novo Horizonte do Sul e Rochedo.

Os dados fazem parte de uma radiografia do setor feita pelo economista Pedro Pedrossian Neto apresentados nesta quarta-feira (25). Ele quer entregar a pesquisa ao governo e entidades de classe no intuito de promover debate que leve a possíveis soluções para o problema.

Trata-se da primeira iniciativa na criação de um instituto que levará o nome do avô dele, o ex-governador de Mato Grosso do Sul Pedro Pedrossian. O objetivo é fornecer bases empíricas para discutir problemas vivenciados no estado. A entidade também deve organizar um memorial contando a história do político, com fotos, vídeos e outras formas de registro.

O economista está caminhando para registrar o instituto. Com um CNPJ, poderá contratar pesquisadores e outros profissionais que poderão ajudar na realização dos levantamentos, atualmente feitos apenas por Pedrossian Neto.

No caso da radiografia médica, ele foi em busca de bancos de dados do Ministério da Saúde e, com os números disponíveis, fez uma série de projeções que mostram a deficiência de pessoal que possa atender a população. Por meio do Mais Médicos, o Governo Federal tentou resolver o problema, que afeta todas as regiões brasileiras. A atitude gerou polêmica. As entidades que representam a categoria foram contra.

“A gente não pode, de forma alguma, fazer alguma coisa à revelia da classe, tem que ser pactuado. Há resistência natural em aumentar o número de profissionais”, opina o economista.

Segundo ele, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda pelo menos um profissional para cada mil habitantes. A média de Mato Grosso do Sul é de 1,59 para cada mil habitantes distribuídos irregularmente entre os municípios. Campo Grande, por exemplo, tinha 2,76 médicos para cada mil habitantes até dezembro do ano passado.

Levando em conta o total de médicos no estado, que é 4.166, é preciso mais de 3,8 mil novos profissionais para atingir o padrão dos países desenvolvidos; 2,9 mil para chegar à meta do Governo Federal de 2,7 médicos para cada mil habitantes e 1,7 mil para atingir a atual média brasileira de 1,97 médicos para cada mil habitantes.

O economista fez uma projeção levando em consideração o número de formados nos cursos de medicina do estado a cada ano; a quantidade de profissionais que voltam para seus estados após a faculdade; o número de pessoas do estado que vai embora após a graduação e a média de crescimento populacional.

Ele chegou à conclusão que somente daqui a cinco anos todas as cidades de MS vão alcançar o recomendado pela OMS, mas a meta nacional nunca será alcançada.

As soluções, segundo ele, devem ser discutidas em conjunto entre o governo, os municípios, o CRM (Conselho Regional de Medicina) e outras entidades ligadas ao setor, pois há como obrigar os profissionais a irem para o interior sem políticas salariais adequadas e melhores condições de trabalho.

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