Empresa começa a pagar operários demitidos de obra da Petrobras
Representantes da empresa UFN3, contratada pela Petrobras para construção da fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, chegaram na manhã de hoje (8) em Campo Grande e deram início aos acertos da rescisão de contrato de 200 funcionários que estão em hotéis da cidade desde a última quarta-feira. A maioria veio do nordeste, em busca de uma boa renda em Mato Grosso do Sul.
Os representantes disseram ao Campo Grande News que não estão autorizados a falar sobre as rescisões, mas que os funcionários serão chamados em grupos para as reuniões e os acertos.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Genílson Duarte, afirma que o combinado até ontem (7) era que o pagamento aos operários seria feito na sede do Sintracom (Sindicado dos Trabalhadores da Construção Civil), mas a empresa mudou de ideia e desistiu de fazer os pagamentos no local.
“Nós tínhamos montado uma estrutura para as reuniões, mas ontem a noite a empresa disse que não iria mais e que tudo seria feito aqui no hotel”, afirma.
Entre os trabalhadores há um consenso: todos querem receber o combinado, exigem que não haja desconto dos dias de greve e querem as passagens para voltar para casa. Os operários afirmam que a empresa se comprometeu em não descontar os dias parados, mesmo assim, alguns funcionários receberam pouco mais de R$ 300 no último pagamento.
“Nós temos salários de R$ 1,7 mil, R$ 1,3 mil e teve gente que recebeu R$ 200. É um absurdo, a empresa tinha dito que não iria descontar esses dias. Nossas horas extras também não foram acertadas”, afirma Rodrigo Azevedo, de 25 anos.
Para o marceneiro José Wadson, de 25 anos, houve descaso com relação à fiscalização das condições de trabalho e do acerto realizado pela empresa. “Eu nunca vi uma coisa tão mal feita como essa. O Ministério do Trabalho e o Sindicato não nos ajudam, só queremos nosso dinheiro e voltar para casa”, conta o operário.
Os funcionários contam ainda que a maioria não disse aos familiares sobre a situação para não preocupá-los. Os acertos devem durar todo o dia e os operários dizem que só irão embora depois que todo o valor for quitado.
Os problemas começaram no último dia 19 de junho quando cerca de 3 mil funcionários, maioria do Nordeste, entraram em greve para reivindicar melhores condições de trabalho, aumento salarial e do ticket alimentação.
Uma reunião de conciliação entre o sindicato da categoria e a empresa foi realizada um dia depois no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). O resultado do encontro foi uma liminar que determinava a volta imediata ao trabalho por parte dos funcionários.
Indignados com o resultado da audiência, os operários bloquearam a BR-158 na manhã do dia 21 e os atos culminaram na depredação, destruição de parte do alojamento e fogo em um ônibus na noite do dia 1º de julho.
Cerca de 200 funcionários foram demitidos e levados para hotéis de Campo Grande na última quarta e aguardam o recebimento da rescisão do contrato. Uma equipe com representantes da UFN3 chegou na manhã de hoje no Hotel Internacional da cidade e começou o acerto com o grupo.