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Cidades

Empresa culpa crise mundial por falhas na coleta de lixo

Redação | 13/02/2009 08:38

Nas últimas semanas, reclamações sobre deficiências na coleta de lixo em Campo Grande surgem de diferentes bairros, das redondezas do terminal Júlio de Castilhos, passando pela saída de São Paulo, até a região central.

A empresa Financial, responsável pela coleta, admite que o problema existe, mas culpa a crise financeira mundial pela sujeira acumulada nas ruas. A lógica é simples, na explicação do gerente Ivan Garcia de Oliveira o serviço foi prejudicado porque perdeu aliados importantes: os catadores de material reciclável.

Para suprir a deficiência, quatro caminhões extras tiveram de ser colocado nas ruas para garantir a coleta. A Financial contava com uma força de trabalho gratuita, que diante da queda no preço pago por papelão, garrafas plásticas, vidros e latinhas, perdeu o interesse na coleta.

O problema é pior na região central, diz ele. Como já era rotina a passagem dos catadores pelas ruas em busca de caixas, garrafas e latas, os comerciantes continuam a colocar esse material nas ruas, "mas poucos catadores têm aparecido", confirma o lojista Francisco Matos, na esquina da 14 de Julho com a Cândido Mariano.

"Nunca vivemos uma situação dessas. Esse material que antes ia para a reciclagem, ocupa muito espaço também. Com isso os caminhões se enchem mais rapidamente, o que os obriga dar várias viagens até o aterro sanitário, por isso o serviço fica mais lento", admite Ivan Garcia.

Os preços - O desinteresse dos catadores é confirmado por Cláudio Duailibi, proprietário de uma empresa que compra e vende produtos recicláveis. "A maioria dos catadores foi trabalhar como vendedores de picolés ou de pipoca, porque eles não ganham mais como antes".

Conforme Duailibi, antes de outubro o quilo das latinhas de alumínio era comprado por R$ 2,80, hoje não passa de R$ 1,20. O papel caiu de R$ 0,15 para R$ 0,05. Metais nobres, como o cobre, também não foram poupados da desvalorização, caiu de R$ 10 para R$ 5 o quilo. "Jornais e revista a gente já não está nem comprando mais", revela o comerciante.

Quem ainda insiste na coleta viu sua renda mensal cair pela metade de um mês para o outro sem que houvesse uma explicação mais próxima do cotidiano das ruas.

"Está muito difícil. Antes eu chegava a tirar R$ 300 por mês, no mês passado acho que fiz só uns R$ 200", conta Jair Marçal Soares (32), que começou a ganhar a vida como catador há dois anos, depois de um acidente de trabalho. "A minha sorte e que eu não pago aluguel, senão este dinheiro não daria para nada".

Cleverson Pereira Vicente (30), catador no lixão de Campo Grande desde abril de 2008, contabiliza prejuízo semelhante. "Eu ganhava R$ 400 por mês quando comecei, hoje não passa de R$ 200".

A situação do casal Diogo Espindola Ramão (20) e Clelia Maria de Freitas (26) não é nada melhor. Até outubro o trabalho dos dois no lixão lhes garantia uma renda de R$ 200 por semana.

"De uns tempos para cá fazemos entre R$ 50 e R$ 80 por semana", revela Diogo, esperançoso de que os preços dos materiais recicláveis melhorem. "Foi o que a gente ouviu. Que em março volta tudo ao normal", afirma sem saber em que a informação se fundamenta.

Questionamento - Na sessão de ontem da Câmara Municipal,

o vereador Loester Nunes (PDT) solicitou cópia do contrato firmado entre a Prefeitura e a empresa Financial, por conta das reclamações sobre a coleta.

"Nós vereadores temos que ver a realidade dos fatos e tomar providências, pois a falta de coleta de lixo é problema de saúde pública", justificou.

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