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Cidades

Entre um espetinho e outro famílias constroem a vida

Redação | 26/08/2008 07:15

Como muitos campo-grandenses, de um cantinho na esquina, seu Zé Mineiro, aos 67 anos, tem tirado o sustento da família. Já criou os filhos, e um deles agora assume o negócio que tem sido a opção de trabalho e renda para muita gente em Campo Grande: a barraca de espetinhos.

Seu Zé faz questão de dizer que tem uma barraca do 'tradicional espetinho sul-matogrossense' e que fique bem especificado, já que segundo ele existe diferença em relação aos outros espetinhos servidos pelo País.

"A primeira diferença é o acompanhamento de mandioca cozida, que é um negócio perfeito, a segunda é a qualidade do assador, que sabe lidar com a carne melhor do que os de outros lugares", gaba-se seu Zé Mineiro.

Seu Zé viveu na pele as dificuldades da intensa migração das zonas rurais para as cidades, que mudou o perfil populacional do País em menos de 50 anos. "Tive problemas de saúde e não pude mais trabalhar com fazenda. Vim para cidade grande porque tinha que me tratar e fiquei porque aqui existia mais chance de conseguir um trabalho mais leve", diz.

O trabalho mais leve que seu Zé encontrou foi a barraca de espetinhos, que funciona de domingo a domingo, durante a semana, das 19h00 até as 23h00, e nos fins de semana no horário de almoço.

A rotina de seu Zé começa às 6h00 nos dias de semana, com o preparo dos alimentos que também são vendidos por encomenda, e termina as 18h00 quando o filho, que estuda Agronomia chega para abrir a barraca com um sócio.

Nos fins de semana, o trabalho começa mais cedo, às 4h30 da manhã, com o preparo mais trabalhoso da "costela assada", e termina com os últimos clientes do almoço de domingo.

Hoje pela manhã, seu Zé já tinha ido de ônibus ao Mercadão e ao Atacadão para comprar os sortimentos que abastecerão o negócio por mais uns dias, 12 kilos de carne, um pacote de feijão, e duas caixas de cerveja.

Mas Zé Mineiro não reclama do trabalho intenso. "Nunca enjeitei trabalho e não me sinto especial por isso, porque acho que o brasileiro é trabalhador, dá tudo o que tem no serviço, até porque, senão não sobrevive. Assim criei minha família, e assim eu quero meus filhos criem as deles".

Novos tempos - Robson Ribeiro, 21 anos, filho de seu Zé, conheceu Haroldo de Oliveira, 20 anos, em uma escola agrícola em Miranda, quando eram adolescentes.

Hoje ambos estudam agronomia em universidades particulares de Campo Grande, com auxílio do Prouni (Programa Universidade para Todos) e tocam a barraca de espetinhos no período da noite.

"Não tinha condições nem coragem de começar sozinho, por isso convidei o Haroldo, já que a gente era amigo há muito tempo e ele estava precisando trabalhar", diz Robson.

Haroldo precisava trabalhar mais do que nunca, depois que ele a namorada descobriram que a filha, que hoje tem 4 meses, estava a caminho.

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