ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 26º

Cidades

Estudo da Unesp aponta que turismo tem alterado costumes em Bonito

Jorge Almoas | 02/02/2011 23:40

Mesmo com alicerce da sustentabilidade, atividade turística modifica comportamentos

Estudo de caso defendido na Unesp (Universidade Estadual Paulista) aponta que a atividade turística, ainda que baseada em conceitos sustentáveis, realizada em Bonito tem alterado costumes locais da população. A tese foi defendida por Marçal Rogério Rizzo, na pós-graduação em Geografia na instituição de ensino.

No trabalho “Encontros e desencontros do turismo com a sustentabilidade: um estudo de caso do município de Bonito”, Marçal defende que as raízes culturais não estão sendo preservadas.

“O turismo substituiu a agropecuária na geração de empregos no município, mas não se preocupou em preservar raízes, o que está levando ao esquecimento de muitas lendas e tradições”, afirma Marçal.

O economista realizou o estudo por quatro anos, com entrevista de 49 pessoas e mais de duzentos questionários aplicados a moradores da região.

Uma das causas dessa descaracterização cultural está no fato de que boa parte dos empresários envolvidos em atividades turísticas na localidade são “forasteiros”.

“A maioria, encantada com as belezas naturais, decide se estabelecer no local, mas, como não possuem vínculos, não souberam preservar o legado dos tropeiros e vaqueiros típicos da região”, observa o estudioso.

Comida típica – Marçal cita como exemplo dessa “deformação” a culinária. Em vários pontos do comércio de Bonito, é vendida a carne de jacaré, o que leva a crer que a iguaria é um prato típico do município.

No entanto, o réptil é encontrado no Pantanal. Assim, toda a carne de jacaré servida em Bonito vem de criadouros de regiões pantaneiras. “É uma tentativa de vender um ambiente exótico ao viajante. Na verdade, a alimentação dessas comunidades é bem mais simples”.

Um patrimônio cultural de Bonito é o arroz carreteiro, feito com charque e cozido na panela de ferro, tradicionalmente produzido pelos carreteiros, homens que viajavam em comitivas, levando cargas em carretas puxadas por bois até o sul do país.

Turismo sustentável - Muitos fazendeiros e sitiantes estão apostando no turismo rural para gerar renda. Os viajantes pagam para conhecer cachoeiras, rios e grutas localizadas nas propriedades. Na área urbana, consomem serviços como hospedagem e alimentação, além de produtos artesanais.

O controle de visitações em pontos turísticos – como a gruta do Lago Azul – impede que os locais fiquem superlotados e não há degradação dos espaços públicos. Para frequentar as atrações é obrigatória a presença de um guia, com exceção dos balneários.

Para Rizzo, Bonito é um caso bem-sucedido de turismo de natureza, mas que ainda há muito a fazer. “O futuro do turismo na região depende do fortalecimento da comunidade. É preciso incluir o máximo de pessoas, já que há espaço para crescimento”, afirma.

O estudo completo pode ser acessado neste endereço [http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=197209] [link]

Nos siga no Google Notícias