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Cidades

Haitianos recebem prazo de três dias para deixar Brasil

Redação | 18/03/2010 08:22

Depois de percorrer 4,2 mil quilômetros, do Haiti ao Brasil, os oito haitianos presos ontem em Miranda, por entrada ilegal no País - entre eles uma criança de 6 anos - receberam prazo de três dias para a deportação.

Além disso, cada um deles foi multado em R$ 163,00 por entrar ilegalmente no Brasil, apesar do País manter uma missão de Paz no Haiti, arrasado após o terremoto do dia 12 de janeiro, que expulsou essas pessoas de sua terra.

Todos foram levados para o Cetremi (Centro de Triagem do Migrante) em Campo Grande, onde ficam as pessoas com passagem temporária pela cidade. A situação dos haitianos, que fogem da miséria do País penalizou até mesmo os policiais que tiveram contato com eles, mas a decisão da Polícia Federal foi de apenas cumprir a lei prevendo a deportação de pessoas que entram no País ilegalmente.

O grupo foi ouvido ontem e logo em seguida levado para o Cetremi. O destino desses fugitivos do terremoto deve ser o mesmo dado aos outros seis haitianos presos hoje, em Miranda, também tentando vir para Campo Grande. O grupo fez o mesmo caminho, e a suspeita é que se juntariam, para chegar a um destino não informado.

Os haitianos e os taxistas estão sendo trazidos para Campo Grande. A Polícia Federal informou que os taxistas serão ouvidos e, caso seja confirmado que eles agiram de má-fé ao trazer os haitianos, poderão ser enquadrados pelo crime de introdução de estrangeiro ilegal no País. Cada um teria recebido duzentos dólares para trazer os haitianos.

Fugitivos da miséria Os policiais que participaram das prisões relatam que a situação dos haitianos penaliza. Em viagem desde janeiro, eles não tem bagagem, estão bastante abatidos, e não tem nem dinheiro para comer.

O grupo preso hoje só comeu alguma coisa porque os próprios policiais teriam comprado à beira da estrada. Outra dificuldade é de comunicação. Parte deles fala francês e a outra dialetos do Haiti. Um dos taxistas que trouxe o grupo preso hoje é haitiano e fala espanhol, por morar na Argentina, mas não revelou muita coisa.

Os haitianos presos ontem relataram que partiram no final de janeiro do Haiti, poucos dias após o terremoto. Tinham apenas algumas economias. Passaram pelo Panamá, Peru e depois Bolívia, onde permaneceram por algumas semanas. Ficaram os últimos dias em Santa Cruz de La Sierra, de onde partiram com destino a Corumbá.

Os que foram pegos hoje iriam para o mesmo lugar, o Hotel Miranda. Ontem, o proprietário do local, Nivaldo Ribeiro, contou que suspeitou desde o início da situação. Segundo ele, um outro haitiano chegou ao hotel dizendo que ia deixar o grupo e ia para Cuiabá. "Largou o pessoal e nunca mais voltou", relatou o dono do hotel, que decidiu chamar a polícia.

A fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia tem sido uma das escolhas dos que querem fugir do terremoto. Em fevereiro, um grupo de 58 haitianos foi descoberto tentando entrar pela Bolívia, mas não conseguiu. Nesta semana, já foram três grupos, um na segunda, um ontem e outro nesta manhã.

Os haitianos têm percorrido o mundo depois de terremoto em janeiro, que devastou o País. A estimativa é de que 1 milhão de pessoas ainda permanecem desalojadas no Haiti, que continua dependendo de ajuda internacional.

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