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Interior

À Justiça, só chegou a versão de que vítima de agressão chutou e xingou PMs

Vídeo que veio a público no fim de semana mostra que mulher de 44 anos apanhou dentro de unidade policial

Marta Ferreira | 23/11/2020 16:47
Vítima de agressões de policial foi à Corregedoria da PM nesta manhã. (Foto: Silas Lima)
Vítima de agressões de policial foi à Corregedoria da PM nesta manhã. (Foto: Silas Lima)

Personagem de cena absurda, a mulher de 43 anos que foi agredida por policial militar no dia 26 de setembro, em restaurante de Bonito, a 224 quilômetros de Campo Grande, é alvo de denúncia à Justiça por três crimes em razão do episódio. No processo, ela é tratada o tempo todo como criminosa, passível de ser condenada a pena somada de até cinco anos e meio de reclusão.

 Não há uma palavra a respeito das agressões filmadas. São cinco testemunhas contra ela, inclusive guarda civil municipal, que não aparece no vídeo gravado, mas figura nos autos.

 Toda a confusão envolve pedido que a mulher fez em restaurante na cidade de refeição para o filho de 3 anos, que é autista.

 Liberdade provisória - Para ser liberada pela Justiça, ela precisou pagar um salário mínimo de fiança, ou seja, R$ 1.039,00, e responder às acusações em liberdade.  Ela mora em Corumbá e o marido é cabo da PM.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apresentou acusação no dia 18 de novembro, com base no inquérito policial, por sua vez sustentado na versão apresentada pela equipe que prendeu a mulher no restaurante onde aconteceu a confusão.

O relato é de que ela chutou os policiais e proferiu xingamentos, inclusive com ameaças.

A denunciada lançou garrafa e copo de vidro contra as vítimas, e passou a proferir xingamentos e ameaças, dizendo que iria matá-los e atear fogo no estabelecimento”, diz trecho da peça acusatória assinada pelo promotor  Allan Carlos Cobacho do Prado.

 Diante das imagens surgidas agora, o MPMS pode pedir novas providências, mas nada foi anunciado ainda.

Print de vídeo de câmera de segurança mostra oficial da PM chutando mulher. (Foto: Reprodução de vídeo)
Print de vídeo de câmera de segurança mostra oficial da PM chutando mulher. (Foto: Reprodução de vídeo)

 Bem diferente – Embora na esfera judicial ainda não tenha dado tempo de alterações, desde que as imagens foram divulgadas, no fim de semana, mudou muita coisa sobre os fatos.

No vídeo, é possível ver que o tenente responsável por comandar a unidade agride a mulher. Outro homem fardado chega a segurá-la na cadeira.

Uma policial militar é quem contém o colega. Essa policial, apesar disso, não figura como testemunha no processo. Ela nem foi à delegacia para contar o que aconteceu sob seu ponto de vista.

 A partir da publicação da gravação, a PM informou que afastou dois dos militares envolvidos diretamente na agressão e abriu inquérito policial militar a respeito.

 A Polícia Civil divulgou nota informando que durante o flagrante, foi permitido à mulher amamentar a filha em sala separada. A Corporação disse que não sabia das agressões.

 “Tais fatos apenas chegaram ao conhecimento da Polícia Judiciária após a divulgação do vídeo da câmera de segurança pela imprensa”, afirma o material.

Ainda segundo descrito, em seu interrogatório, “que é também um ato de defesa de pessoas presas em flagrante, a mulher manifestou o desejo de permanecer em silêncio em todos os questionamentos, não trazendo à tona as informações acerca das agressões sofridas”.

 A vítima procurou a Corregedoria da Polícia Militar só hoje. Tomou coragem diante das imagens divulgadas, que falam em favor de sua versão.

Ela prestou depoimento e nesta tarde faria exame de corpo de delito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

A Guarda Civil Municipal de Bonito informou que vai abrir sindicância sobre a participação do integrante da Corporação nos fatos.

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