Clínica é interditada após adolescente morrer amarrada e sedada
Adolescente de 16 anos morreu em Fátima do Sul após ter um surto e ser contida
A morte de uma adolescente de 16 anos, internada compulsoriamente, levou à interdição de uma clínica em Fátima do Sul, a 239 km de Campo Grande. Além deste caso, foram constatadas graves irregularidades na internação de mulheres e adolescentes com transtornos mentais e dependência química.
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A Justiça determinou a interdição da clínica Hazelden BR, em Fátima do Sul, Mato Grosso do Sul, após a morte de uma adolescente de 16 anos que estava internada compulsoriamente. A jovem faleceu após sofrer uma parada cardiorrespiratória, sem receber atendimento médico adequado, mesmo tendo histórico psiquiátrico grave. Inspeções realizadas pela Defensoria Pública constataram graves irregularidades no local, incluindo ausência de equipe médica especializada, superdosagem de medicamentos e contenções físicas indevidas. A clínica foi proibida de realizar novas internações e deve liberar as pacientes atuais, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
A jovem sofreu um surto em 30 de junho e foi contida com amarras e sedativos. Horas depois, ela teve uma parada cardiorrespiratória e morreu, sem receber atendimento médico adequado. Mesmo com histórico psiquiátrico grave e recomendação médica para transferência imediata a um hospital psiquiátrico, a adolescente continuou internada na clínica.
Em ação pública, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul obteve na Justiça a interdição cautelar da clínica Hazelden BR. Antes da morte da adolescente, o local já havia sido alvo de denúncias e pedidos de interdição em outros processos.
Segundo a defensora pública Eni Maria Sezerino Diniz, do NAS (Núcleo de Atenção à Saúde), inspeções realizadas no local constataram diversas irregularidades. “Foram identificadas falhas graves, como ausência de equipe médica especializada, superdosagem de medicamentos, falta de prontuário clínico, contenções físicas e químicas indevidas e utilização de profissionais sem a qualificação necessária”, detalhou.
Além disso, adolescentes eram mantidas em internação involuntária no mesmo ambiente que mulheres adultas, sem separação ou tratamento adequado.
A Justiça determinou a suspensão imediata das atividades da clínica, proibiu novas internações e ordenou a liberação das pacientes internadas, com o devido acompanhamento pelas redes de saúde e assistência social.
Também foi fixada multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento. A Defensoria Pública ainda pede a condenação dos responsáveis ao pagamento de R$ 500 mil por danos morais coletivos, valor que deverá ser destinado ao fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial de Fátima do Sul.
A reportagem procurou a clínica na tarde desta segunda-feira (14), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.
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