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Interior

Com PM na linha, mulher apanhou por 2 minutos até dizer endereço e ser salva

Mulher ligou para 190 solicitando "envio de um boleto" e militar percebeu que na verdade era pedido de ajuda

Clayton Neves | 26/07/2021 17:49
Luiz Alberto Antonieto é cabo da Polícia Militar e está na corporação há 13 anos. (Foto: Direto das Ruas)
Luiz Alberto Antonieto é cabo da Polícia Militar e está na corporação há 13 anos. (Foto: Direto das Ruas)

A experiência de quem já está na Polícia Militar há 13 anos fez com que o cabo Luiz Alberto Antonieto, de 32 anos, não desligasse o telefone assim que uma mulher, de 50 anos, ligou para o 190 pedindo para que a “Iria” enviasse o boleto.

A conversa que mais parecia trote de bêbado, na verdade escondia o desespero da mulher que era agredida pelo marido, um homem de 50 anos que não aceitou o fato de a esposa ter doado um colchão que o casal não usava mais. Com o PM na linha, ela apanhou por cerca de dois minutos até conseguir dizer o endereço de onde ela era mantida em cárcere privado.

“A gente recebe treinamento para saber identificar o que a pessoa precisa e também, para entender se a ligação é ou não um trote. No caso, percebi voz de desespero e parecia que o telefone não estava próximo. Por várias vezes ela disse para que a Iria mandar o boleto”, conta o militar

Desconfiado, Antonieto conta que se lembrou quase que instantaneamente dos recentes casos noticiados em que mulheres simulam conversas aleatórias para pedir socorro. “Lembrei que vi recentemente em uma reportagem o caso de uma mulher que ligou pedindo uma pizza e o policial identificou que ela precisava de ajuda. Também sei da campanha do X vermelho. Então, quando a pessoa começou a falar, lembrei desses fatos”, acrescenta.

A ligação tensa ficou ainda mais quando Luiz Alberto notou que a pessoa do outro lado se afastou ainda mais do celular, enquanto  sons de agressões podiam ser ouvidos. “Ela começou a chorar desesperada e pediu ajuda. Insisti na história do boleto e perguntei o endereço para enviar a cobrança, mas ela já estava longe e não escutava mais”, relata.

Foram dois minutos sem conseguir retomar a conversa e ouvindo a vítima ser agredida. Somente após o espaço de tempo a mulher conseguiu, de longe, passar o endereço para que a “Iria” enviasse o boleto. “Assim que consegui saber onde era a casa, fomos rapidamente até lá. Quando nos identificamos o autor já saiu se explicando, dizendo que está tudo bem”, conta.

Quando entraram dentro da casa, os policiais encontraram a mulher chorando, com ferimentos na cabeça e na boca. Para eles, a vítima contou que as agressões eram constantes, mas que tinha medo de denunciar por ser ameaçada de morte. Ela também explicou que Iria era a filha, com quem fingiu conversar por mensagens de WhatsApp.

"Nesse Dia ela teve coragem de pedir ajuda e ele foi preso. Sabemos da dificuldade que é para que essas mulheres denunciem esse tipo de situação, mas nós, da polícia, estamos sempre preparados para atender essas questões da melhor maneira possível. Por isso, é importante que as vítimas procurem ajuda e não tenham medo de denunciar", finaliza o cabo Antonieto.

A mulher foi encaminhada em uma viatura da PM para o pronto socorro da cidade, onde recebeu atendimento médico. Já o suspeito foi preso em flagrante e levado para a delegacia da cidade, onde o crime de violência doméstica e cárcere privado foi registrado.

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