Comerciantes esperam há 5 horas por vistoria em posto de fiscalização
A estrutura precária e a falta de servidores suficientes para agilizar as fiscalizações no Posto Jupiá em Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande, têm revoltado comerciantes que viajam até São Paulo em busca de mercadorias. Nessa sexta-feira (9), por exemplo, um ônibus com cerca de 30 pessoas foi parado às 3h e só começou a ser descarregado para dar início às vistorias às 8h53.
Entre os passageiros havia idosos que tiveram que aguardar mais de cinco horas em um lugar que segundo eles sem água e com banheiro em péssimas condições.
“Nós saímos de Campo Grande na quarta-feira ao meio-dia, chegamos em São Paulo às 3h de ontem. Fizemos as compras como de costume e hoje fomos parados na fiscalização. Os agentes tiram toda a mercadoria e vão conferindo se tem nota. Até aí tudo bem, é a função deles e eu acho que esse trabalho tem que ser feito, o problema é a falta de preparo para nos receber”, questiona uma comerciante de 33 anos que não quis se identificar.
Como a unidade fica na rodovia, não há lanchonetes ou até mesmo caixas eletrônicos por perto. Segundo ela, muitas vezes os passageiros que são multados, e não andam com dinheiro por questões de segurança, têm que pegar um táxi e mototáxi até a cidade mais próxima para quitar o boleto, atrasando ainda mais a viagem.
“Quando nós chegamos aqui havia outro ônibus parado em processo de fiscalização. É um descaso total. Nós pagamos nossos impostos e a maioria das empresas funciona regularmente. Eles nos tratam como se fôssemos criminosos”, afirma a comerciante.
Para completar o problema, e aumentar a demora, quando chegou a vez do veículo dela ser vistoriado, os passageiros tiveram que esperar a troca de plantão dos fiscais. “Todos cansados, todos acabados, porque bem ou mal estamos há dois dias sem dormir, e estamos que esperar a boa vontade de alguém em fazer conferência”, afirma.
A situação não incomoda apenas os vendedores. Um motorista de 37 anos que também pediu para não ser identificado conta que muitas vezes são os próprios condutores que descarregam a mercadoria.
“Fiz quatro viagens nos últimos 15 dias e fomos três vezes para a rampa. Em duas não tinha funcionário para descarregar e mesmo quando tem, temos que ajudar porque é muita mercadoria. Eu acho que fiscalização deve existir, mas eles tratam os passageiros como se fossem bandidos”, relata.
O acesso aos banheiros que existem no local não tem iluminação, sendo praticamente impossível chegar até eles antes do amanhecer, visto que a maioria das vezes o retorno é feito de madrugada. Quando é possível chegar ao local, não há papel higiênico e a estrutura é precária.
“Nada contra que exista a fiscalização, mas que exista agilidade. Tem cerca de 30 passageiros em cada ônibus à deriva na estrada. Esse pessoal fica parado a noite. Às vezes tem idoso, às vezes tem gestante. Se querem abordar o passageiro, que tenham um banheiro limpo, com papel higiênico”, pontua.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa do Governo Estadual, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno.