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Interior

Depósito de maconha, fazenda é palco de conflito entre índios e produtores

Fazenda Madama é reivindicada por índios Guarani-Kaiowá que ocupam parte da propriedade desde 2007

Helio de Freitas, de Dourados | 04/07/2019 10:11
Policiais do DOF removem terra para retirar maconha enterrada em fazenda na fronteira (Foto: Divulgação)
Policiais do DOF removem terra para retirar maconha enterrada em fazenda na fronteira (Foto: Divulgação)

Os 4.500 quilos de maconha apreendidos ontem (3) pelo DOF (Departamento de Operações de Fronteira) entre os municípios de Amambai e Coronel Sapucaia estavam escondidos na sede da Fazenda Madama, que há 12 anos é palco de confronto entre índios Guarani-Kaiowá e produtores rurais.

De acordo com a assessoria do DOF, fardos da droga estavam enterrados no quintal, cobertos por lona, e nos cômodos da casa. Em um dos quartos a pilha de tabletes chegava até o teto.

Equipes do DOF continuam fazendo buscas na região para tentar localizar os dois homens que fugiram do local quando a equipe chegou ontem à tarde. Até agora não há informação se eles são funcionários da fazenda ou se estavam apenas usando o local sem conhecimento dos proprietários.

Os policiais descobriram o depósito de maconha seguindo marcas de intenso tráfego de veículos na estrada de acesso à propriedade. Quando a equipe chegou os dois homens abandonaram a casa e fugiram para o mato.

Na casa foram apreendidos quatro celulares, uma caminhonete S10 e um semirreboque, além de documentos e comprovantes de residência em nome de várias pessoas.

A droga foi trazida para a sede do DOF em Dourados, onde foi pesada e entregue à Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), que vai assumir a investigação para identificar os donos da droga.

Pilha de maconha em um dos quartos da sede da Fazenda Madama (Foto: Divulgação)
Pilha de maconha em um dos quartos da sede da Fazenda Madama (Foto: Divulgação)

Conflito indígena – Desde 2007, índios reivindicam a demarcação da Fazenda Madama. Eles afirmam que no local existe o Território Indígena Kurusu Ambá. O processo de demarcação está parado, assim como todos os demais em Mato Grosso do Sul.

Parte da área está ocupada pelos Guarani-Kaiowá. Em 2015 houve conflito entre índios e produtores rurais. No ano seguinte, a relatora especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas Victoria Tauli-Corpuz esteve no local durante visitas a aldeias de Mato Grosso do Sul. Menos de dois dias depois, o acampamento indígena foi alvo de um ataque a tiros.

A reportagem apurou que após os confrontos a área ficou praticamente abandonada. Da propriedade tradicional, parte está em poder dos índios e outras áreas foram vendidas. “É terra de ninguém”, disse ao Campo Grande News um morador da região.

Veja abaixo o vídeo com imagens da apreensão:

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