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Interior

Em reação a especialista, vereadores da ala bolsonaristas criticam lockdown

Julio Croda elogiou medida adotada em Dourados, mas Juscelino Cabral e Fabio Luis criticaram

Helio de Freitas, de Dourados | 02/06/2021 16:14
Ônibus para em ponto da Marcelino Pires, deserta às 13h desta quarta (Foto: Dourados Informa)
Ônibus para em ponto da Marcelino Pires, deserta às 13h desta quarta (Foto: Dourados Informa)

Medida mais drástica adotada até agora em Mato Grosso do Sul para tentar conter a proliferação da covid-19, o lockdown de 14 dias em Dourados (a 233 km de Campo Grande) foi elogiado pelo médico infectologista Julio Croda, mas virou alvo de ações na Justiça e de críticas por parte de empresários e políticos.

Dos 19 vereadores, três se manifestaram contrários ao decreto que vigora até o dia 12 de junho: Janio Miguel (PTB), Juscelino Cabral (DEM) e Fabio Luis (Republicanos), os dois últimos bolsonaristas declarados.

“Temos de pensar que existem pessoas que trabalham num dia para poder comer no outro. Penso que deve existir medida restritiva e maior fiscalização, mas fechar tudo não é mais a melhor opção. Se o vírus é real, o aumento da desigualdade e da vulnerabilidade social também é realidade”, afirmou Janio Miguel.

Bolsonaristas – O discurso mais forte contra o lockdown veio de dois vereadores que seguem o presidente Jair Bolsonaro e defendem o chamado tratamento precoce, considerado ineficaz.

“Temos que ter a sensibilidade que a cidade precisa do comércio. Precisamos ter ações efetivas no combate ao vírus? Sim, precisamos. Só que agora vamos ficar 14 dias fechados. Diante disso eu volto a cobrar: quais ações foram feitas durantes os dias anteriores para que pudéssemos mudar a situação da UPA, do Hospital da Vida, a situação dos postos de saúde?”, questionou o Fabio Luis.

Para o vereador do Republicanos, lockdown é “medida corretiva, cujo prejuízo econômico ao cidadão é bem maior comparado ao sucesso no contexto sanitário”. Ele promete acionar a prefeitura para cobrar planos para socorrer famílias vulneráveis ainda mais afetadas com a suspensão das atividades de trabalho.

“Decretar lockdown é decisão extremamente danosa ao contribuinte. Me preocupo com a manutenção dos postos de trabalho, me preocupo com os microempresários”, afirmou Fabio Luis.

Juscelino Cabral, primeiro-secretário da Câmara, disse que o momento exige atitudes e não paralisação. “Politizar a crise sanitária que estamos atravessando é, no mínimo, irresponsável. O diálogo seria alternativa para juntos chegarmos a ponto comum no combate à pandemia do coronavírus”, afirmou.

O vereador anunciou requerimento para cobrar informações sobre os critérios utilizados para adotar o procedimento. “O sistema de saúde agoniza. Não há abertura de leitos, contratação de médicos e auxiliares. E como está a questão dos kits de intubação e respiradores?”.

Especialista - O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), afirmou que o lockdown adotado em Dourados funciona para frear a disseminação da covid-19.

“Mesmo que a população adote 100% das medidas preventivas, de usar máscara, lavar as mãos, usar o álcool em gel, fazer isolamento social, o vírus tem transmissão respiratória, então quando se reduz a mobilidade, o resultado é imediato. Dourados é exemplo para todo Estado, porque com o lockdown vai diminuir a transmissão da doença”, afirmou.

Segundo Julio Croda, que morou e trabalhou em Dourados, atuando no HU (Hospital Universitário), diante de elevada transmissão do vírus, o lockdown é a única solução. “Quanto mais restritivo ele for, mais rápido se consegue sair da situação”.

O infectologista diz que os dados científicos comprovam a eficácia da medida quando adotada por toda a população. “Não existe nenhum país registrado no mundo que venceu o vírus aumentando leito de hospital”.

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