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FAB usa helicóptero russo e Super Tucano para interceptar traficantes

Aeronaves com canhão e metralhadora estão entre equipamentos da Operação Ostium, que iniciou ações hoje em Dourados; oficial da FAB diz que fronteira de MS tem intenso tráfico de drogas pelo ar

Helio de Freitas, de Dourados | 24/03/2017 14:16
Major da Força Aérea em frente ao AH-2 Sabre; “melhor helicóptero do mundo” (Foto: Helio de Freitas)
Major da Força Aérea em frente ao AH-2 Sabre; “melhor helicóptero do mundo” (Foto: Helio de Freitas)

Helicópteros de fabricação russa, semelhantes aos usados pelo Exército de Moscou em guerras no Oriente Médio, fazem parte do poder bélico adotado pela Força Aérea Brasileira na Operação Ostium, que teve o primeiro dia de ações nesta sexta-feira (24) em Mato Grosso do Sul.

A operação tenta combater o tráfico internacional de drogas pelo ar, principalmente de cocaína, que sai da Bolívia e do Peru e entra em território brasileiro, de onde é destinada ao mercado interno e a países da Europa.

“O melhor helicóptero do Mundo”, afirmou o major da FAB que pilota a aeronave, ao conversar com jornalistas hoje no aeroporto de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, uma das bases da operação, que acontece ao longo dos 17 mil quilômetros das fronteiras brasileiras, mas de forma mais intensiva na linha com Bolívia e Paraguai.

Entregue pela Rússia em 2009 como parte de um lote de 12 helicópteros comprados pelo governo brasileiro, o AH-2 Sabre, como a aeronave russa é chamada pela FAB, pode atirar em alvos aéreos e terrestres. Tem 5,4 metros de altura, 19,5 metros de comprimento e pesa 12 mil quilos.

“A aeronave lança míssil, é equipada com foguete 80 milímetros e com um canhão de dois canos de 23 milímetros. Voa a 320 quilômetros por hora com autonomia superior a três horas”, afirmou o major, que veio da Base Aérea de Porto Velho (RO).

Por medida de segurança, a FAB pediu que os pilotos não tivessem os nomes divulgados. “Eu estou aqui, mas a família ficou lá”.

Mais comunicativo de todos os pilotos que estavam em Dourados hoje, o rondoniense disse que apesar de a operação despertar atenção, as ações fazem parte da rotina da Força Aérea. “Isso aqui não é apenas exercício de treino, não. É para valer”.

Os Ah-2 Sabre ficarão baseados em Dourados e em Foz do Iguaçu (PR) durante a operação, que prossegue até o fim do ano.

“Super tucano” usado para abordar e derrubar avião clandestino decola do aeroporto de Dourados (Foto: Helio de Freitas)
“Super tucano” usado para abordar e derrubar avião clandestino decola do aeroporto de Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Drone da Força Aérea é operado da central de monitoramento em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Drone da Força Aérea é operado da central de monitoramento em Dourados (Foto: Helio de Freitas)

“Super Tucano” – Além dos helicópteros russos e dos norte-americanos Black Hawk – visivelmente menores de tamanho e de poder de fogo –, e de drones operados por controle remoto, a Operação Ostium conta com o “Super Tucano” A-29, também usado para perseguir, interceptar e, se for preciso, derrubar aeronaves clandestinas, especialmente usadas por traficantes.

Nesta sexta, o avião foi usado para uma demonstração de abordagem à aeronave da FAB que levou jornalistas de Campo Grande até Dourados, para conhecer uma das bases da operação.

Voando a quase 600 quilômetros por hora, o Super Tucano pesa 5.400 quilos, tem 11,34 metros de comprimento e 3,9 de altura. É equipado com duas metralhadoras calibre 50 nas asas e mais 1.550 quilos de bombas, foguetes ou mísseis.

Durante a operação, esses aviões ficarão baseados em Dourados, Cascavel e Campo Grande. Em caso de voo clandestino detectado pelos radares, o piloto é acionado pela central de monitoramento e parte para a abordagem. O chamado “tiro de abate” só ocorre com ordem direta da única central de comando, que fica em Brasília.

Tráfico pelo ar – Um major da Força Aérea disse ao Campo Grande News que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o tráfico de drogas na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai não ocorre apenas por terra.

“O trabalho interagências mostra que existe uma grande demanda aérea nessa parte da fronteira, especialmente de aeronaves que voam abaixo dos radares. A Operação Ostium vai intensificar a presença da Força Aérea nessa região para coibir o narcotráfico via aérea”, afirmou o major.

Sem citar locais das operações, o oficial informou que em 2016 foram feitas pelo menos 450 interceptações de aeronaves clandestinas em toda a fronteira brasileira. Foram 10 aeronaves apreendidas com 250 quilos de pasta-base de cocaína. Nesta semana, já durante a preparação da Operação Ostium, foram apreendidos 250 quilos de pasta-base em uma aeronave.

Aeronaves usadas na Operação Ostium, no aeroporto de Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Aeronaves usadas na Operação Ostium, no aeroporto de Dourados (Foto: Helio de Freitas)
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