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Homem muda versão e diz que pai morreu ao cair da cadeira de rodas

No interrogatório, guarda noturno negou crime que havia confessado, mas admitiu ter colocado fogo no corpo

Helio de Freitas, de Dourados | 16/03/2022 10:55
Homem muda versão e diz que pai morreu ao cair da cadeira de rodas
Guarda noturno no momento em que era levado para delegacia, ontem de manhã. (Foto: Adilson Domingos)

Horas depois de confessar o assassinato do próprio pai com golpes de faca no pescoço, o guarda noturno Valdeci Vitorino do Nascimento, 50, mudou a versão e negou ter matado Josué Vitorino do Nascimento, 72.

No depoimento oficial à Polícia Civil, ele disse que o pai caiu da cadeira de rodas e bateu com a cabeça no chão. Confessou, no entanto, ter ateado fogo no corpo com medo de ser acusado do homicídio.

O caso ocorreu no Jardim Maipú, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Cadeirante, Josué foi morto no domingo (13). Valdeci teria passado toda a segunda-feira queimando o corpo no quintal. Os restos mortais foram encontrados ontem de manhã no meio das cinzas. O guarda noturno foi preso no mesmo local.

Ainda na manhã de ontem, quando era conduzido à 1ª Delegacia de Polícia Civil, ele disse em entrevistas transmitidas ao vivo no Facebook que tinha matado o pai para livrar o homem do sofrimento.

“Matei por causa do sofrimento dele. Ele ficava se afogando, passa meia, uma hora para comer. Tinha que correr lá... E também por outros problemas a mais, tinha que levar no médico”, disse Valdeci em entrevista ao repórter Adilson Domingos.

Entretanto, no depoimento ao delgado Erasmo Cubas, chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais), Valdeci negou o assassinato. Ele disse que na noite de domingo tinha alimentado o pai e foi para sua casa, que fica no mesmo quintal, a 15 metros da residência de Josué.

Quando estava em casa, ele disse ter ouvido barulho, como se o pai tivesse caído da cadeira de rodas. Ao chegar na outra casa, disse ter encontrado pai no chão com a cabeça rachada, em meio a uma poça de sangue.

Segundo o interrogatório ao qual o Campo Grande News teve acesso, Valdeci alega ter entrado em desespero ao ver o pai no chão. Em vez de ligar para a polícia ou para os bombeiros, ele conta que enrolou o idoso em uma coberta e o colocou de volta na cadeira de rodas.

Queimado na fogueira – Depois, empurrou a cadeira até um monte de lixo que tinha no quintal, juntou mais pedaços de madeira e começou a queimar o corpo.

Valdeci disse ter tomado a decisão para esconder o fato de que não cuidava bem do pai. A incineração durou o dia inteiro e a noite de segunda-feira. Ontem de manhã, ainda havia fumaça da fogueira montada para queimar o corpo.

Quando o corpo ainda queimava, ontem cedo, o irmão de Valdeci foi até a casa e o criminoso contou o ocorrido. No depoimento à polícia, ele disse não se lembrar de ter dito ao irmão que havia matado o próprio pai.

O irmão de Valdeci, no entanto, confirmou em depoimento à polícia que o guarda noturno havia confessado a ele o assassinato do pai e a incineração do cadáver. Antes, porém, Valdeci mentiu para o irmão afirmando que o pai estava internado em uma clínica. Quando o irmão disse que chamaria a polícia, ele confessou o crime.

Abandonado pela mulher – Valdeci Nascimento disse que trabalha em uma empresa de Dourados como guarda noturno, mas está afastado das funções para tratamento da dependência de álcool. Atualmente faz tratamento acompanhado pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial).

O criminoso disse que cuidava do pai há pelo menos 15 anos. Valdeci é casado há 34 anos, mas a mulher o abandonou há 15 dias. No interrogatório, ele não citou outros problemas além do alcoolismo e não falou se toma medicamentos controlados.

Valdeci foi autuado por homicídio qualificado e por ocultação de cadáver e segue preso. Às 13h de hoje, Valdeci passa por audiência de custódia na 3ª Vara Criminal.

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