Identificação de vítimas de acidente aéreo no Pantanal pode demorar 3 meses
Procedimento padrão indica coleta de dentes e cabeça do fêmur dos corpos carbonizados

O material genético dos três brasileiros mortos na queda da aeronave no Pantanal foi encaminhado para o IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses) em Campo Grande. Também foi feita a coleta com o filho de 8 anos do piloto Marcelo Pereira de Barros, 59 anos.
RESUMO
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A identificação das vítimas do acidente aéreo no Pantanal, que resultou na morte do arquiteto chinês Kongjian Yu, do documentarista Luiz Ferraz, do diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. e do piloto Marcelo Pereira de Barros, pode levar até três meses. O material genético das vítimas foi enviado ao Instituto de Análises Laboratoriais Forenses, e a coleta de DNA do filho do piloto também foi realizada. A identificação é crucial para a liberação dos corpos, que só ocorrerá após a confirmação dos exames. A equipe de necropapiloscopia está trabalhando para coletar digitais e outros materiais. O acidente ocorreu quando a aeronave, que realizava sobrevoos na região, tentou pousar fora do horário permitido e acabou caindo. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos está investigando o caso.
A reportagem apurou que foram recolhidos dentes das vítimas e, segundo informações obtidas pelo Campo Grande News, o prazo regular do IALF para liberação de identificação por exame de DNA é de cerca de três meses. Porém, por se tratar de caso de repercussão, o tempo deve ser acelerado. Seja qual for este período, a liberação dos corpos somente será feita depois dos exames confirmarem a identificação dos corpos.
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Uma das vítimas ainda tinha parte das digitais preservadas. Desde ontem, uma equipe de necropapiloscopia de Campo Grande, especializada em queimados, foi a Aquidauana para tentar coletar material. O corpo seria um dos documentaristas brasileiros, que se sentaram nos bancos traseiros do Cessna 175, prefixo PT-BAN.
“Temos a presunção de quem seja, mas a gente não pode trabalhar com presunção. É preciso entregar o corpo para a família certa”, explicou o delegado regional de Aquidauana, Amylcar Eduardo Paracatu Romero.
Pelo relato de testemunhas, ao lado do piloto estava o arquiteto chinês Kongjian Yu. No entanto, a disposição dos passageiros não pode ser totalmente considerada, já que em uma queda de avião a posição das vítimas pode ser alterada pelo impacto.
O corpo que seria do arquiteto foi armazenado e lacrado, a pedido do consulado, à espera da chegada de familiares. “Vamos aproveitar e fazer a coleta do padrão de DNA”, disse o delegado. Essa etapa deve ser a mais demorada, em razão do visto de urgência solicitado e do tempo de viagem, que pode chegar a 25 horas, com escala na Europa ou no Oriente Médio.
Procedimento - A identificação genética é requisito para a liberação dos corpos, conforme o POP (Procedimento Operacional Padrão) da CGP (Coordenadoria Geral de Perícias). No caso de carbonizados, dentes e cabeça do fêmur são as partes mais indicadas para obtenção de material.
O POP detalha como os médicos legistas devem atuar da chegada do corpo à emissão do laudo final. Casos de violência, como ferimentos por arma de fogo, faca, asfixia, queimaduras ou intoxicação, têm instruções específicas, incluindo fotografias, croquis e, quando necessário, exames radiológicos e toxicológicos.
Em vítimas de queimaduras graves ou carbonização, os peritos recorrem a estruturas mais resistentes ao calor, como dentes e fêmur, para preservar o DNA. Se não houver sangue disponível para alcoolemia, é utilizado o humor vítreo, líquido do globo ocular que resiste mesmo a altas temperaturas. Essas medidas asseguram informações cruciais para identificação da vítima e investigação da causa da morte.
Após a necropsia e a emissão da declaração de óbito, o corpo é entregue à família para sepultamento. O POP prevê que o laudo seja encaminhado à autoridade requisitante em até dez dias. A padronização busca assegurar rigor técnico, uniformidade nos registros e maior confiabilidade nos resultados da perícia.
O protocolo também determina que todo material biológico seja embalado, lacrado e identificado, preservando a cadeia de custódia.
A reportagem entrou em contato com o governo do Estado para ter detalhes dos trâmites para identificação e liberação dos corpos. Em nota, a A Polícia Científica informou que está aplicando todos os recursos técnicos disponíveis, com o objetivo de garantir respostas periciais seguras e responsáveis, respeitando os prazos necessários para que os corpos possam ser identificados e entregues com dignidade às famílias enlutadas.
Acidente - O arquiteto e a equipe de documentaristas saíram cedo, na terça-feira, por volta das 7h. O avião fez três sobrevoos em fazendas da região do Pantanal e voltava para o Hotel Barra Mansa depois das 18h, fora do horário permitido na pista, que tem autorização apenas para pouso visual. O pôr do sol ocorreu às 17h39.
“Ele [monomotor] veio com uma performance não muito alinhada para o primeiro pouso e acabou arremetendo”, explicou a delegada Ana Cláudia Medina, responsável pela investigação em Mato Grosso do Sul. Depois disso, segundo testemunhas, a aeronave sumiu do campo de visão e, logo em seguida, viram fumaça e os destroços.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) estava previsto para chegar nesta manhã ao local do acidente, mas a equipe ainda não tinha conseguido acesso.
Além do arquiteto Kongjian Yu, morreram os cineastas Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Júnior, além do piloto Marcelo Pereira de Barros.
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