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Interior

Mãe fica revoltada ao “perder” filho na saída do hospital por maus-tratos

Viviane Oliveira e Francisco Júnior | 14/05/2013 08:43
Elisângela  ficou desesperada ao saber que filho iria para abrigo. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Elisângela ficou desesperada ao saber que filho iria para abrigo. (Foto: Vanderlei Aparecido)

Depois de 8 meses internado por causa de uma doença rara, o bebê de 9 meses de Elisângela dos Santos Fernandes, de 31 anos, finalmente recebeu alta na manhã desta segunda-feira (13) do Hospital Regional, em Campo Grande. A volta da criança para a casa tinha tudo para ser comemorada pela família, que mora em Jardim, não fosse uma determinação judicial dizendo que o menino deve ficar em um abrigo.

Com os olhos lacrimejando e sob a acusação de maus-tratos, Elisangela se despediu do filho que saiu da unidade de saúde no colo de uma conselheira tutelar. O bebê foi levado para a Instituição Fundação Leonor Barbosa Flores, em Guia Lopes da Laguna, onde deve passar os próximos meses.

A dona de casa, mãe de mais duas crianças de 5 e 3 anos, conta que o filho mais novo nasceu com uma doença rara chamada metilmalónica - doença hereditária metabólica, na qual o organismo não é capaz de processar certas proteínas e gorduras adequadamente.

Complicações no quadro podem incluir problemas alimentares, retardo mental, problema renal crônico e inflamação do pâncreas. Quem tem essa doença deve ter uma dieta cuidadosamente controlada.

A criança teve diagnóstico dois dias depois do nascimento, foi quando a vida da família de Elisângela mudou. O bebê chegou a ficar em casa por alguns dias, mas teve que ser levado as pressas para o hospital após a doença se agravar.

O coordenador do Conselho Tutelar de Jardim, Adriano Zamora, explica que a criança tem necessidade especial por causa da doença e de acordo com ele, a decisão ocorreu após uma vistoria na casa da família. “Da primeira vez que recebeu alta, os pais foram orientados pelo hospital de como tinham que proceder para atender as necessidades do bebê, porém foram negligentes”, destaca.

Um dos descuidos, segundo os conselheiros, foi referente ao leite da criança que ela deveria tomar apenas um determinado tipo. Mas não foi isso o que aconteceu levando o menino a ter o quadro da doença agravado.

Bebê no colo da conselheira sendo colocado dentro do carro. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Bebê no colo da conselheira sendo colocado dentro do carro. (Foto: Vanderlei Aparecido)

Com uma ordem judicial a criança foi retirada do convívio dos pais temporariamente. “Neste período o Conselho Tutelar, assistentes sociais e psicólogos vão acompanhar a família para que quando a criança for devolvida, possam estar preparados e atender as necessidades dela”, afirma.

O médico pediatra, José Jailson de Araújo Lima, que cuidou do bebê no período que esteve internado em Campo Grande, disse que a criança chegou ao hospital com um quadro bastante grave de infecção.

Segundo ele, a decisão da justiça ocorreu em Jardim e a orientação era de que a criança só poderia ser entregue ao Conselho Tutelar. "O bebê chegou em estado grave e ficou por vários dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva)".

Inconformados com a situação, a mãe e o pai do bebê, Cleidnei dos Santos Loureiro, de 35 anos, vão entrar com recurso contra a decisão. “Só quero cuidar e ter meu filho de volta. A dor de vê-lo saindo do hospital nos braços de outra pessoa é muito grande. Não tem como descrever o que estou sentindo”, lamenta.

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