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Interior

MP pede que médico acusado de agredir estudante pague fiança de R$ 60 mil

Após denúncia de que tinha agredido a jovem, médico foi preso por posse ilegal de arma de fogo e pagou fiança de R$ 3 mil

Silvia Frias | 28/08/2020 11:21
MP pede que médico acusado de agredir estudante pague fiança de R$ 60 mil
Estudante chegou a postar fotos dos hematomas nas redes sociais, denunciando o médico (Foto/Reprodução)

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) em Rio Verde de Mato Grosso, município 171 quilômetros de Campo Grande, pediu elevação de R$ 3 mil para R$ 60 mil da fiança paga pelo médico Said Yoshimura de Brito, 41 anos, diretor clínico do hospital municipal, em inquérito de posse irregular de arma de fogo e de drogas para consumo pessoal.

No dia 15 de agosto, Yoshimura foi preso em flagrante pela posse da arma durante investigação de lesão corporal dolosa/violência doméstica, acusação feita por estudante de 22 anos, que alega ter mantido relacionamento com ele. No depoimento, ela relatou já ter visto revólver com ele, fato que determinou mandado de busca e apreensão na casa do médico.

Na varredura, a Polícia Civil encontrou revólver calibre 38, uma cápsula deflagrada, 15 gramas de cocaína e dois cachimbos. À polícia, Yoshimura se reservou ao direito de somente responder aos questionamentos em juízo e, na tomada de declaração, negou ter sido autor das lesões sofridas por ela. Na delegacia, foi arbitrada fiança de R$ 3 mil e ele foi solto no mesmo dia.

Yashimura chegou a ser afastado da diretoria clínica do hospital, mas a informação é que ele já voltou a trabalhar na instituição.

O recurso em sentido estrito foi protocolado no dia 21 de agosto pelo promotor Matheus Carim Bucker, da comarca de Rio Verde de Mato Grosso, e ainda será avaliado pela Justiça. No pedido, ainda consta que, se a primeira instância entenda não ser caso de retratação, que o recurso seja encaminhado ao TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

No pedido de reformulação, o MPMS levou em conta o salário de R$ 30 mil e que a fiança paga não corresponde nem a 10% da remuneração, sendo valor “muito baixo considerando a capacidade econômica do autuado” e, ainda, o inquérito da violência doméstica.

MP pede que médico acusado de agredir estudante pague fiança de R$ 60 mil
Arma, munições e drogas encontradas na casa do médico (Foto/Reprodução)

O MPMS alega que chegou a requereu majoração do valor, mas teve pedido negado pelo juízo singular. “Ocorre que o valor fixado a título de fiança é incompatível com a realidade econômica do autuado (médico do Município contratado via pessoa jurídica, com rendimento mensal de R$30.000,00)”.

Bucker também fala da repercussão causada pela investigação e usa como parâmetro outros inquéritos: de um estudante de Medicina que pagou R$ 3 mil por dirigir embriado e do ex-piloto de motovelocidade Aloysio Coutinho, preso por promover festa em Campo Grande. O valor inicial era de R$ 313,5 mil, mas foi reavaliado para R$ 200 mil. Segundo ele, estipular fiança de R$ 2 a R$ 3 mil é cabível quando o autuado não tem renda declarada, faixa que foi indevidamente utilizada no caso de Yoshimura.

O promotor ainda pesquisou outros bens que estariam em nome do médico e encontrou referência de Jeep Cherokee, apreendido durante a Operação Nevada. Yoshimura entrou com pedido de restituição do veículo, que estava na concessionária de um dos investigados.

No pedido, não consta se há possibilidade do médico ser preso novamente, o que somente pode ser avaliado pela Justiça.

A reportagem entrou em contato com o médico e com advogado que o representava no flagrante, mas não obteve retorno. Também tentou falar com a Secretaria Municipal de Saúde de Rio Verde sobre retorno ao hospital, mas também não houve retorno.

A estudante que o denunciou ainda não voltou a Rio Verde de Mato Grosso e está afastada do trabalho, para tratamento médico da lesão e psicológico, por 30 dias.

A delegada responsável pelos inquéritos, Andressa Vieira, informou que a investigação está em andamento e aguarda laudos periciais tanto da posse de arma quanto do caso da violência doméstica.

Lesões - no inquérito, a estudante alega que mantinha relacionamento com médico há 4 meses, mas que ele não queria assumir o namoro por da "fama dela". A jovem diz que aceitou os termos, mas que a relação descambou para humilhações até a violência física, na madrugada de sexta (14) para sábado (15), quando os dois brigaram durante a festa.

Ela diz que ele estava bêbado e usando drogas quando a arrastou, chutou e desferiu tapa que lhe causou lesão no tímpano.

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