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Interior

MPF denuncia 19 por morte de cacique guarani-kaiowá

Gabriel Neris e Luciana Brazil | 26/11/2012 15:08
Indígena atacado mostra os ferimentos (Foto: Divulgação)
Indígena atacado mostra os ferimentos (Foto: Divulgação)

Dezenove pessoas, entre elas fazendeiros, advogados e um secretário municipal, foram denunciadas pelo MPF (Ministério Público Federal) em Mato Grosso do Sul por envolvimento no homicídio do cacique guarani-Kaiowá Nízio Gomes, morto durante conflito em 2011, no acampamento Guaiviry, de propriedade rural, localizado na área de mata nativa, às margens da rodovia MS-386, entre os municípios de Ponta Porã e Aral Moreira.

Os envolvidos agora respondem como réus por vários crimes relacionados à tentativa de expulsão dos indígenas do acampamento.

As investigações apontam que após a ocupação da área de mata da fazenda pela comunidade indígena, em 1º de novembro do ano passado, um grupo iniciou planejamento com o objetivo de expulsar os indígenas do local.

De acordo com o MPF, a ação teve início na madrugada do dia 18 de novembro. O grupo teria chegado a trilha que dá acesso ao interior do acampamento e abordado o cacique Nízio Gomes, de 55 anos, que teria resistido. Teve início o confronto e Nízio foi alvejado e morto. O corpo do indígena até hoje não foi encontrado.

Mesmo sem localização do corpo e de restos mortais, para o MPF há provas e indícios suficientes do homicídio qualificado do cacique. Além das declarações de réus e do depoimento de testemunhas, o laudo pericial apontou a existência de vestígios de sangue em fragmentos de madeira e na terra do interior da trilha do Tekoha Guaiviry. Exame de DNA confirmou se tratar de “perfil genético de indivíduo do sexo masculino, geneticamente relacionado à mãe e aos filhos de Nízio Gomes”.

Investigação – Conforme a acusação, no dia 18 de novembro, um grupo munido com seis armas de fogo, calibre ponto 12, coordenado por Aurelino Arce, se deslocou da Fazenda Maranata até a Fazenda Nova Aurora. O grupo era composto por Josivan Vieira de Oliveira, Juarez Rocanski, Jerri Adriano Pereira Benites, Wesley Alves Jardim, Nilson da Silva Braga, Edimar Alves dos Reis, Robson Neres de Araujo e Marcelo Benitez.

Ao chegarem ao acampamento o grupo abordou Nízio Gomes, que resistiu a tentativa de retirada do grupo com um golpe no dorso do pé de Josivan. Juarez, Josivan, Jerri, Edimar, Robson e Marcelo iniciaram o tiroteio contra os indígenas.

Segundo as investigações, Jerri Adriano foi quem matou Nízio Gomes durante o tiroteio. O indígena Jhonatan Velasques Gomes também foi atingido no confronto. Nilson, Eugênio Benito Penzo e uma pessoa ainda não identificada, deram apoio para Robson, Juarez, Edimar, Jerri e Wesley carregarem o corpo de Nízio até uma caminhonete S-10, de cor escura, conduzida por Aparecido Sanches.

Sanches transportou o corpo do indígena ao lado de outras duas pessoas, que também não foram identificadas. O cadáver nunca foi encontrado.

Idelfino Maganha, Cláudio Adelino Gali, Aparecido Sanches, Samuel Peloi, Levi Palma, Dieter Michael Seyboth e Osvin Mittanck são acusados de ser os responsáveis em planejar a retomada da área, contratando Aurelino Arce, proprietário da empresa Gaspem Segurança. Idelfino, Samuel e Osvin são acusados de oferecer dinheiro ao indígena Dilo Daniel, para que ele sustentasse a versão da vítima estar viva e morando no Paraguai.

Aurelino, Ricardo Alessandro Severino do Nascimento, André Pereira dos Santos, Josivan, Jerri, Wesley, Nilson, Juarez, Edimar, Marcelo e Eugênio são acusados de formação de quadrilha para cometer crimes, atuando em questões relativas a conflitos fundiários entre indígenas e proprietários rurais.

A juíza federal Lisa Taubemblatt citou todos os acusados e deu o prazo de 10 dias para a defesa.

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