ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
MAIO, SÁBADO  03    CAMPO GRANDE 31º

Interior

Pais e curandeiros são presos por morte de bebê em "ritual de cura"

Aos 9 meses, criança morreu em fevereiro com lesões e queimaduras de cigarro pelo corpo

Silvia Frias | 05/08/2021 11:06
Pais e curandeiros são presos por morte de bebê em "ritual de cura"
Pais da criança confessaram que levaram o filho de 9 meses a ritual. (Foto: Divulgação)

Casal e dois curandeiros indígenas foram presos em Miranda, a 201 quilômetros de Campo Grande, acusados pela morte de bebê de 9 meses, em aldeia do município, em fevereiro deste ano. A criança foi usada pelos pais em ritual espirital, que envolveu diversas lesões e queimaduras com cigarros.

Foram presos o casal, de 33 e 34 anos, e os dois curandeiros, de 33 e 30 anos. Todos confessaram participação no crime e serão indiciados por homicídio qualificado por emprego de meio cruel.

De acordo com informações da Polícia Civil, o menino de 9 meses foi levado ao Hospital Regional de Miranda, sob alegação de pais e familiares de que estava com “sapinho”.

No entanto, não foi encontrado indício de “sapinho”, mas, sim, diversas lesões e queimaduras pelo corpo, circuladas com tinta vermelha e cobertas com espécie de pó preto. Também tinha terço com cruz de madeira envolto no pescoço.

Na triagem, a enfermeira constatou que a criança já estava morta há pelo menos 40 minutos. O fato que causou estranheza na equipe médica, é que pais e parentes agiram com frieza, sem reação compatível com momento, levantando suspeitas de que já sabiam da morte dele. O laudo necroscópico concluiu que a criança faleceu de septicemia (infecção generalizada), provavelmente, decorrente da lesão na virilha.

A presença da tinta vermelha e do pó preto levantou suspeitas de que ela pudesse ter sido morta em espécie de ritual. O SIG (Serviço de Investigações Gerais) comandou a apuração do caso.

Em entrevistas preliminares, os pais da criança deram informações contraditórias sobre as lesões e incompatíveis sob o ponto de vista médico, chegando a relatar que os ferimentos surgiram no mesmo dia e “do nada”.

No decorrer das investigações, o casal confessou ter levado o filho para dupla de curandeiros locais. O bebê foi submetido à rituais durante quatro dias, no “santuário’, onde havia diversas imagens de entidades religiosas. Informaram que as lesões no corpo surgiram após os rituais e que a mancha de pó preto e tinta vermelha também são oriundas destes procedimentos, que duravam aproximadamente 1 hora.

Um dos curandeiros informou que fizeram os rituais para promover “sua cura”, porém, a "doença" não foi informada na divulgação do caso. As queimaduras com pontas de cigarros quentes eram realizadas durante a invocação das entidades espirituais. A caneta vermelha era consagrada e usada para circular as lesões.

Segundo relato à Polícia Civil, no 4º dia de ritual, o bebê  começou a apresentar febre e inchaço abdominal, sendo levada a outra curandeira na aldeia.

Na casa dessa curandeira, o bebê foi levado a um quarto, onde teriam diversas imagens de entidades religiosas, e entoaram cânticos, invocando entidades e passando óleo com sementes prestas no corpo da criança. A mulher informo que o “santo” lhe disse que “não era mais com ele” e deveriam levar o menino ao hospital.

A prisão dos envolvidos foi feita com apoio da 1ª Delegacia de Aquidauana, sendo denominada "Operação Magia Negra".

Nos siga no Google Notícias