ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 31º

Interior

Pesquisa da UEMS aponta chipa como fator de desenvolvimento na fronteira

Estudo demonstrou que iguaria fomenta o surgimento de pequenos negócios, e assim, mais oportunidades

Adriel Mattos | 23/01/2022 17:37
Vendedora de chipa em Ponta Porã. (Fotos: Divulgação)
Vendedora de chipa em Ponta Porã. (Fotos: Divulgação)

Ela pode ser encontrada nos mais variados formatos:  como a argola, losango, meia lua ou ferradura, alongada, trançada e até na forma de animais, além disso suas variações podem ser encontradas recheadas com carnes, queijos e doces. A chipa  um dos pratos típicos mais conhecidos da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

Uma pesquisadora da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) constatou que a iguaria ajuda na economia local. Beatriz Dutra dos Santos  ressalta que a chipa é a mais explorada no comércio, pois é um produto com baixa perecibilidade, baixo custo de produção, preço de venda acessível, agradável ao paladar dos consumidores.

“Se a culinária da fronteira ou a venda da chipa constituem em um bom negócio, a resposta é a que sim, foi possível identificar que por meio dessa atividade outras vão surgindo, outros negócios, outros produtos, trata-se de uma atividade rentável que gera recursos com a finalidade de prover o sustento das famílias locais, pagar as contas”, pondera.

“Os ganhos com a venda da chipa geram investimentos em qualidade de vida, acesso à educação, na aquisição de bens imóveis e abertura de novos empreendimentos, as oportunidades existem para todos, no entanto apenas a categoria das Microempresas manifestaram interesse em incrementar novos produtos”, conclui a pesquisadora, autora do trabalho intitulado “A culinária típica da fronteira: a chipa como fator de desenvolvimento local”, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Dores Cristina Grechi, no Mestrado em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos, da UEMS.

Para a pesquisa foram identificados vinte e um produtores e vendedores de chipa que comercializam o produto na fronteira entre as duas cidades, Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Para o trabalho foram criadas as categorias Microempresas; Ñas (senhoras que produzem e vendem a chipa) e Terceirizadas.

A pesquisadora ressalta que existem muito mais pessoas que produzem e vendem a chipa, mas este mapeamento precisará ser feito numa etapa futura da pesquisa, uma vez que neste primeiro estágio estabeleceu-se a estratégia de ser uma pesquisa exploratória.

“O que já deu pistas importantes para entender a relação deste produto típico com a geração de renda e trabalho. Foi possível constatar que há preponderância na participação de mulheres, a escolha por vender a chipa está associada à falta de emprego, pois essas mulheres exercem o papel de chefe de suas famílias provendo o sustento das mesmas”, observou.

Chipa recheada com presunto.
Chipa recheada com presunto.

Verificou-se que o ganho com a venda da chipa depende mais de outros aspectos do que do grau de instrução das pessoas envolvidas com a produção e venda.

A este respeito observou-se que a pessoa que vende mais, adota uma estratégia de venda diferenciada, é dada uma atenção especial ao consumidor, há uma conversa preliminar à venda, há uma interação entre vendedor e consumidor e uma diversidade de preços, o que faz com que todos possam comprar a chipa.

A  produção artesanal é a que gera maiores ganhos para a categoria das Ñas (senhoras que produzem e vendem a chipa), que fazem um produto com características diferenciadas, qualidade percebida pelo consumidor e sabor diferenciado, o que dá à chipa uma característica única.

A compra dos ingredientes para a produção da chipa gera também uma relação direta com pequenos produtores. “Percebe-se que a agricultura familiar desempenha um papel importante na preferência dos entrevistados, enquanto fornecedor de matéria-prima, desenvolvendo uma relação entre a utilização dos mesmos ingredientes como forma de manter o sabor”, relatou Beatriz.

Nos siga no Google Notícias