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Interior

Policiais militares presos por sequestro de bolivianos são denunciados pelo MPF

Policias irão responder pelos crimes de associação criminosa, sequestro e migração ilegal mediante o uso de violência

Adriano Fernandes | 12/05/2020 19:52
Armas apreendidas em operação da Polícia Federal. (Foto: Divulgação/PF)
Armas apreendidas em operação da Polícia Federal. (Foto: Divulgação/PF)

O MPF (Ministério Público Federal)  denunciou os três policiais militares que foram presos durante Operação Refúgio da PF (Polícia Federal), no dia 18 de março em Corumbá, fronteira com a Bolívia.  Os policiais, dois da ativa e um reformado, irão responder pelos crimes de associação criminosa, sequestro e migração ilegal mediante o uso de violência. A denúncia do MPF foi aceita pela Justiça Federal em 5 de maio.

O caso - Os policiais sequestraram dois cidadãos bolivianos, um deles solicitante de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, em frente a um restaurante do município de Corumbá, no dia 7 de agosto de 2019.

As duas vítimas foram forçadas a entrar em um dos veículos utilizados pelos denunciados, sob a mira de uma arma de fogo. A operação foi acompanhada por dois policiais bolivianos, que seguiam em outro veículo.

Ao aproximarem-se do posto da fronteira, uma das vítimas conseguiu sair do carro e correu em direção ao posto da Receita Federal do Brasil pedindo por socorro, informando que era refugiado e que havia sido sequestrado. Os três denunciados foram até o local, identificaram-se como policiais e tiveram ajuda do cabo da PM que cumpria expediente no posto para recapturar a vítima, que foi recolocada no veículo dos denunciados.

As duas vítimas foram entregues no posto policial de Puerto Quijarro, na Bolívia. Um deles prestou depoimento e foi liberado, enquanto o outro foi conduzido à cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra. Uma das vítimas, que solicitava formalmente refúgio no Brasil, atuava como advogado e possuía mandado de prisão em aberto no país vizinho.

As investigações comprovaram que havia grande interesse das autoridades bolivianas no caso dele e que a solicitação de refúgio no Brasil foi efetuada sob o argumento de perseguição judicial como retaliação a fortes alegações de corrupção de agentes judiciais em delitos graves na Bolívia, incluindo tráfico de pessoas.

Para o MPF, “a atuação conjunta dos policiais militares brasileiros e policiais bolivianos usurparam a autoridade das decisões em medida de cooperação internacional nos casos de extradição ou medida de retirada compulsória”.

 A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, tratado internacional do qual o Brasil é signatário, deixa claro que um refugiado não pode ser expulso ou rechaçado para um território em que sua vida ou liberdade sejam ameaçadas.

Essa proibição ganha reforço na Convenção das Nações Unidas Contra a Tortura e na Convenção Americana de Direitos Humanos. A violação de normas relativas à proteção internacional dos Direitos Humanos pode induzir à responsabilização internacional do Brasil pelos fatos em questão.

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