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Interior

Prefeito é acusado de coagir policiais para livrar "conhecido" de flagrante

Caroline Maldonado | 21/05/2014 19:01
O prefeito Márcio Faustino diz que não recebeu  notificação do MPE e diz que não se preocupa com isso, pois não passa de uma “bobeira” (Foto: Prefeitura Municipal de Bandeirantes)
O prefeito Márcio Faustino diz que não recebeu notificação do MPE e diz que não se preocupa com isso, pois não passa de uma “bobeira” (Foto: Prefeitura Municipal de Bandeirantes)

O prefeito de Bandeirantes, Márcio Faustino de Queiroz (PSD), é alvo de uma ação do MPE (Ministério Publico Estadual), que o acusa de haver coagido policiais, por telefone, a não autuar um homem que foi flagrado por dois policiais pilotando moto sem capacete, CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e documentos do veículo. O homem envolvido no episódio tem passagens policiais e, no ano passado, se envolveu em um acidente com morte.

A Polícia Militar da cidade confirmou ao Campo Grande News que dois policiais relataram que abordaram, no dia 10 de abril, Raimundo Alves de Araújo, 48 anos, pilotando moto de maneira irregular. Na versão dos policiais, o infrator ligou para o prefeito e passou o telefone ao policial, que ouviu a ameaça de que os policiais seriam transferidos de comarca caso autuassem o condutor. Os policiais relataram ao MPE que ouviram do prefeito as afirmações “você é um policial muito ruim de serviço, que fica perseguindo trabalhador!” e “tem um monte de crime acontecendo e vocês não fazem nada!”.

O prefeito nega a acusação e afirma que houve descaso por parte do policial com quem conversou por telefone. “O rapaz me ligou e pediu para o policial falar comigo. Eu atendi e disse que não deveria liberar o infrator, logicamente. Mas o policial disse que não queria falar comigo, então eu fiquei chateado com isso, mas foi só isso o que aconteceu”, diz. Ele disse que o rapaz é apenas um "conhecido da cidade".

Márcio Faustino contou que ainda não recebeu nenhuma notificação do MPE e diz que não se preocupa com isso, pois não passa de uma “bobeira”. “Acho que eles devem sim autuar uma pessoa que está sem capacete, mas tem coisa muito mais importante também para eles fazerem", destaca o prefeito.

O prefeito garantiu que nunca pensou em transferir policiais por conta desse caso e se defendeu dizendo que “responderá as acusações com trabalho para o município”. “Deixa o tempo correr, eu vou continuar trabalhando e espero que eles trabalhem também e façam o serviço bem feito para diminuir os índices de roubo e mortes que estão altos”, complementou.

O MPE informou que uma cópia da ação foi encaminhada para a Procuradoria Geral de Justiça e outra para a Câmara de Vereadores do município de Bandeirantes. De acordo com o MPE, a ação civil pública objetiva a condenação do prefeito municipal em razão da prática de atos de improbidade administrativa que atentaram contra os princípios da administração pública, na intelecção do artigo 11, caput e inciso I, ambos da Lei Federal n.º 8.429/92.

Segundo o órgão, o prefeito pode sofrer “perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de muita civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos” .

O infrator - Raimundo, cuja profissão indicada em ocorrências policiais é operador de escavadeira, é conhecido na cidade como "Romoaldo". Ele tem várias passagens pela polícia. De acordo com informações policiais, em julho do ano passado, o homem atropelou uma senhora, que foi socorrida e encaminhada a Santa Casa de Campo Grande, onde morreu oito dias após o atropelamento. 

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