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Interior

Produtores contestam desapropriação de 400 hectares para ferrovia da Arauco

Famílias alegam falta de negociação prévia e empresa defende utilidade pública do empreendimento

Por Kamila Alcântara e Maristela Brunetto | 15/09/2025 13:10
Produtores contestam desapropriação de 400 hectares para ferrovia da Arauco
Projeto do ramal ferroviário do Projeto Sucuriu passa pela local que será desapropriado (Imagem: Reprodução)

Moradores da zona rural de Inocência, em Mato Grosso do Sul, contestam a decisão judicial que autoriza a desapropriação de cerca de 400 hectares de terras para a construção do ramal ferroviário do Projeto Sucuriú, empreendimento da Arauco Celulose. O investimento de mais de R$ 24 bilhões inclui a maior fábrica de celulose do mundo e um trecho de 47 quilômetros de ferrovia, necessário para o escoamento da produção.

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Moradores da zona rural de Inocência, Mato Grosso do Sul, contestam decisão judicial que autoriza a desapropriação de 400 hectares para a construção do ramal ferroviário do Projeto Sucuriu, da Arauco Celulose. Cerca de 30 famílias serão afetadas pelo empreendimento de R$ 24 bilhões, que inclui a maior fábrica de celulose do mundo. Os produtores rurais alegam não terem sido consultados previamente e questionam os valores das indenizações oferecidas. A Arauco, por sua vez, afirma conduzir o projeto em conformidade com princípios de sustentabilidade e manter diálogo aberto com os proprietários, destacando que a obra recebeu Declaração de Utilidade Pública da ANTT.

Segundo produtores locais, aproximadamente 30 famílias serão atingidas. Eles alegam que não foram ouvidos antes da decisão judicial e reclamam da forma como o processo foi conduzido.

“Desde o primeiro contato da empresa, sempre respondemos às propostas com contrapropostas claras, buscando consenso. No entanto, todas as nossas tentativas foram ignoradas e ficamos surpresos com a ação judicial”, afirmou Eder Soares de Queiroz, da Fazenda Esteio.

Além da perda de áreas produtivas, os pecuaristas apontam preocupações práticas, como o acesso do gado às pastagens e à água, além da desvalorização de imóveis cortados pela ferrovia. Outro ponto de atrito é o valor das indenizações oferecidas, que, segundo eles, estaria abaixo do praticado em outras negociações da própria Arauco.

“Não somos contra novos investimentos, mas não podemos compactuar com desrespeito à nossa classe e à cidade”, destacou a produtora rural Mariene Garcia de Freitas.

Em resposta enviada ao Campo Grande News, a Arauco afirmou que o projeto do ramal ferroviário está sendo conduzido “em total conformidade com princípios de sustentabilidade e valores institucionais”, entre eles o de Bom Cidadão, que prevê relações de respeito e valor compartilhado com as comunidades.

Foi informado, ainda, que, desde o início do projeto, mantém “diálogo aberto e transparente” com os proprietários e que, além das tratativas sobre o traçado da ferrovia, demonstrou disposição para avaliar a compra integral de áreas, com base em preços compatíveis com o mercado.

A empresa destacou que a obra recebeu Declaração de Utilidade Pública da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), instrumento legal que reconhece o interesse público do empreendimento. Segundo a Arauco, a ferrovia deve retirar milhares de caminhões das rodovias, o que significa mais segurança no trânsito e redução de emissões.

“A concessão de liminares de imissão de posse é um desdobramento natural em projetos desta natureza e busca assegurar a continuidade ordenada de obras com impacto coletivo”, reforçou a nota.

Continua - Enquanto a fábrica tem previsão de entrar em operação no fim de 2027, famílias rurais de Inocência aguardam novos desdobramentos. Elas insistem em mais diálogo e em soluções que conciliem desenvolvimento econômico com respeito ao modo de vida local, enquanto a empresa reafirma estar aberta à construção de acordos consensuais.

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