Queda de avião no Pantanal ocorre uma semana após tragédia com médico
Aeronave caiu em fazenda de Aquidauana, a 141 km da capital, e quatro pessoas morreram.
O céu do Pantanal, acostumado a ser rota de turistas, pecuaristas e pilotos experientes, virou cenário de duas tragédias aéreas em uma semana. A coincidência chama a atenção e reacende o alerta sobre a vulnerabilidade de voar em uma das regiões mais remotas e de acesso difícil do Brasil.
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O Pantanal foi cenário de duas tragédias aéreas em menos de dez dias, evidenciando a vulnerabilidade de voos na região. No primeiro acidente, ocorrido em 16 de setembro, o médico e pecuarista Ramiro Pereira de Matos faleceu quando seu Cessna 210 caiu em Corumbá, durante um voo entre Itiquira e Sonora. O segundo acidente aconteceu em 23 de setembro, quando um Cessna 175 caiu em Aquidauana, vitimando quatro pessoas, incluindo o cineasta Luiz Fernando Ferraz, o arquiteto Kongjian Yu, o piloto Marcelo Barros e o documentarista Rubens Crispim Jr. Entre 2015 e 2025, o Mato Grosso do Sul registrou 230 ocorrências aeronáuticas, com 24 mortes em 17 acidentes fatais.
De acordo com dados do Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), entre 2015 e 2025, Mato Grosso do Sul registrou 230 ocorrências com aeronaves civis: 112 incidentes, 77 acidentes e 41 incidentes graves. No período, 17 acidentes foram fatais, resultando em 24 mortes.
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Especialistas apontam que, dentro desse cenário, regiões de difícil acesso, como o Pantanal, concentram uma fragilidade maior. O bioma impõe desafios extras à aviação: condições climáticas imprevisíveis, pistas curtas e não pavimentadas, além da demora no acesso para equipes de resgate.
Recentes - O primeiro acidente na área este mês aconteceu no dia 16, quando o médico e pecuarista Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos, não conseguiu completar o trajeto entre Itiquira (MT) e Sonora (MS).
Ramiro conduzia um Cessna 210 Silver Eagle, de prefixo PS-FDW, comprado em março deste ano. A aeronave, fabricada em 1980, estava com a documentação em dia e registrada em situação normal de aeronavegabilidade na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A decolagem ocorreu às 7h39 (horário de MS), com previsão de pouso às 9h30, mas às 8h30 o piloto enfrentou mau tempo e caiu no Pantanal de Corumbá, menos de uma hora após sair do solo. Os destroços foram encontrados na Fazenda Piquiri, em área de difícil acesso. Casado e pai de dois filhos, Ramiro era considerado piloto experiente e tinha propriedades em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Pouco mais de uma semana depois, o Pantanal voltou a ser palco de tragédia. Na tarde de terça-feira (23), uma aeronave Cessna 175, prefixo PT-BAN, caiu na Fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, a 141 km de Campo Grande, local onde foram feitas gravações da novela Pantanal.
Testemunhas apontam que o piloto tentou uma arremetida, manobra para interromper o pouso e subir novamente, mas perdeu altitude e caiu. O avião explodiu imediatamente, carbonizando os quatro ocupantes.
Entre os mortos estão o cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, diretor do documentário Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia, que abordou o acidente aéreo da Chapecoense em 2016; o proprietário e piloto Marcelo Pereira Barros; o renomado arquiteto chinês Kongjian Yu; e o documentarista Rubens Crispim Jr.
Equipes do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) estão no local. A aeronave, fabricada em 1958, teve o registro de táxi aéreo negado pela Anac.
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