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Interior

Resgatado de hospital, bandido levou três sobrinhos para o tráfico

Na audiência de custódia, em março, Nelson Falcão reclamou das condições de presídio de Três Lagoas e foi parar em Dourados, onde conseguiu fugir aproveitando falha na segurança

Helio de Freitas, de Dourados | 01/08/2018 16:08
Nelson Falcão passou quase quatro anos escondido na Bolívia até ser preso em março; agora fugiu de novo (Foto: Arquivo)
Nelson Falcão passou quase quatro anos escondido na Bolívia até ser preso em março; agora fugiu de novo (Foto: Arquivo)

Nelson de Oliveira Leite Falcão, 53, condenado a 82 anos, seis meses e 15 dias de reclusão por tráfico, receptação e roubo e que há cinco dias foi resgatado de um hospital em Dourados, a 233 km de Campo Grande, é o chefe de uma bem estruturada quadrilha familiar de traficantes.

Em março deste ano, quando foi preso pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) com quase 900 quilos de cocaína, Falcão estava com três sobrinhos, os irmãos Fábio de Oliveira Toyota, 36, e Elson de Oliveira Falcão, 26, moradores no bairro São Conrado, em Campo Grande, e Luciano de Oliveira Falcão de Souza, 35, residente em Aquidauana.

Luciano viajava com o tio na caminhonete Toyota Hilux branca usada por Nelson para acompanhar o caminhão com a droga. Os outros dois estavam em outra Hilux, usada para bater estradas, segundo a polícia.

As duas caminhonetes tinham adesivo da empresa Agrobol, fundada por Nelson Falcão para servir de fachada para o tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil, segundo o depoimento dele mesmo à polícia.

Nesta quarta-feira (1º) o Campo Grande News teve acesso a documentos sobre a prisão em flagrante da quadrilha chefiada por Nelson Falcão, ocorrida na noite de 22 de março deste ano, em Água Clara (MS).

Os sobrinhos do narcotraficante – os três filhos de duas irmãs de Nelson – ficaram em silêncio durante o depoimento à Polícia Federal em Três Lagoas, para onde foram levados após a prisão em Água Clara.

Além da família Falcão, foi preso o motorista do caminhão, Daniel Paulo do Prado, 52, residente em Jundiaí (SP), que usava uma CNH falsa. Ele também usou o direito constitucional de permanecer em silêncio no interrogatório.

Livrou os sobrinhos – Nelson Falcão, o líder da quadrilha, foi o único que se manifestou no depoimento à Polícia Federal. Disse que desde 2014, quando obteve saída temporária da prisão, se refugiu em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde tem criação de gado.

Quando foi flagrado com droga em março, ele usava a CNH do irmão para não ser preso, já que a Justiça de Mato Grosso do Sul havia decretado sua prisão em dezembro de 2014. Nelson disse que o irmão não sabia que ele usava sua carteira de habilitação.

Falcão inocentou os três sobrinhos presos no mesmo dia. Disse que os três trabalhavam com ele na fazenda em território boliviano, por isso estavam nas caminhonetes equipadas com rádios de comunicação.

Ele também inocentou o motorista do caminhão alegando que Daniel do Prado foi contratado para dirigir o caminhão sem saber da cocaína escondida em um compartimento secreto e só descoberta por cães farejadores da Polícia Federal.

O traficante alegou no dia da prisão em flagrante que tinha sido contratado por um desconhecido para levar a cocaína de uma área rural no município de Miranda – onde o caminhão foi carregado – até São Paulo. A carga seria entregue para uma pessoa que Nelson afirmou não conhecer.

Reclamou do presídio – Levado para o presídio de Três Lagoas após o flagrante, Nelson Falcão e os demais presos passaram por audiência de custódia no Fórum de Três Lagoas e o traficante reclamou das condições do estabelecimento penal.

“No presídio, eu acredito, que deveria ter uma situação melhor para a gente, doutor. Porque nós chegamos lá e no lugar onde estamos é terrível. É uma celinha sem luz, banheiro entupido, tudo podre, não tem colchão nem uma manta, estamos deitados na pedra”, afirmou Nelson Falcão em depoimento gravado em áudio e vídeo.

A reclamação de Nelson Falcão gerou um pedido de explicações do Ministério Público à direção da penitenciária. Após a direção informar que o problema estava sendo resolvido, o caso foi arquivado pelo MP.

Nelson Falcão e os demais envolvidos acabaram transferidos para a penitenciária de segurança máxima de Campo Grande, de onde o líder da quadrilha foi removido para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) no dia 14 de junho deste ano, após a defesa do bandido apontar risco à sua integridade caso continuasse na Máxima da Capital.

Na sexta-feira passada, dia 27 de julho, Nelson Falcão foi regatado por três bandidos armados de dentro do Hospital da Vida, em Dourados, para onde tinha sido levado junto com outros presos para tratamento de saúde. Ele alegou dores lombares devido a um problema que dificultam sua locomoção.

A fuga é investigada pela Polícia Civil e pela Polícia Militar. Há suspeita de facilitação, já que a quadrilha sabia exatamente o horário em que o traficante seria levado para o hospital. O pequeno número de policiais – dois – fazendo a escolta dele também chama a atenção.

O comando da PM alega que a escolta não sabia que se tratava de um grande traficante de drogas. Já a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) contesta e diz que a ficha disciplinar do traficante foi enviada junto com o pedido de escolta.

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