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Interior

TRF nega liberdade a gerente mais importante da Máfia do Cigarro

Outros cinco réus também tiveram o pedido de liberdade negado, entre eles um policial militar lotado em Nova Andradina

Helio de Freitas, de Dourados | 30/01/2019 18:04
Alemão, um dos quatro patrões da quadrilha, e outros presos em um resort em Maceió, em setembro (Foto: Arquivo)
Alemão, um dos quatro patrões da quadrilha, e outros presos em um resort em Maceió, em setembro (Foto: Arquivo)

Mais seis réus da Operação Nepsis, que prendeu 36 integrantes da Máfia do Cigarro em setembro de 2018 em Mato Grosso do Sul, tiveram a liberdade negada pelo desembargador federal José Lunardelli, do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), em São Paulo. Outros cinco acusados também tiveram o pedido de habeas corpus indeferido por Lurnadelli nesta semana.

Dessa vez, o desembargador federal negou liberdade a um policial militar, acusado de ajudar na passagem das cargas de cigarro contrabandeado, e a cinco gerentes do esquema, entre eles José Carlos Guimarães Ballerini, o “Irmão”.

Apontado nas investigações como um dos gerentes mais importantes da organização criminosa, José Carlos é irmão de um dos patrões da quadrilha, Ângelo Guimarães Ballerini, o Alemão.

José Carlos foi preso com Alemão em um resort de Maceió (AL), no dia 22 de setembro de 2018, quando a operação foi deflagrada. Alemão se casaria naquele dia no luxuoso hotel.

Também tiveram o habeas corpus negado o policial militar José Roberto dos Santos, Josemar dos Santos Almeida, o “Mazinho”, Adel Pereira Acosta, o “Vovô”, Diogo Machado dos Santos Leite, o “Melancia”, e Sidnei Lobo de Souza, o “Lobinho”.

Gerente importante – José Carlos Guimaraes Ballerini, o “Irmão”, é apontado nas investigações como um dos principais responsáveis pela negociação coletiva de acerto de propinas envolvendo policiais lotados em Bataguassu com colaboração do policial civil Élcio Alves Costa – “provavelmente incumbido de realizar a interlocução entre a orcrim e as forças policias”, diz trecho do processo.

José Carlos foi gravado conversando com Élcio sobre o pagamento de propina a policiais civis de Santa Rita do Pardo. Também foi citado em conversas sobre policiais rodoviários federais de Bataguassu, réus na ação penal e afastados das funções.

Irmão também teria atuado na coordenação de motoristas e olheiros em trecho de rodovias sob sua supervisão, a região do assentamento PANA, em Nova Alvorada do Sul.

Em 26 de março de 2017, José Carlos conversa com Oziel Vieira de Souza, o “Lupa” – gerente na região de Deodápolis, também preso – sobre a apreensão de duas carretas carregadas.

Um mês depois, os dois foram gravados comentando que 300 caminhões com cigarro contrabandeado já teriam passado por determinada rota. Também há gravações em que Irmão demonstra preocupação com apreensões em Três Lagoas.

“Trata-se de organização criminosa estruturalmente organizada e composta por muitos agentes com funções pré-determinadas, que, mediante a frequente corrupção de policiais, teriam criado denominados ‘corredores logísticos’ com a finalidade de escoar o produto do contrabando e assim garantir o sucesso da empreitada”, afirma o desembargador federal ao negar o habeas corpus.

Ele cita ainda “o longo período em que as atividades ilícitas vêm se desenvolvendo, a existência de diversas bases operacionais e escritórios administrativos e o poderio econômico dessa organização” com o motivo para manter os réus presos.

Sidnei Lobo de Souza era o gerente na região de Tacuru. Foi flagrado em conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal orientando um olheiro a prestar atenção no fluxo da estrada e perguntando sobre viaturas policiais na rodovia.

Também demonstrava ter acesso a policiais civis da região. Ele foi candidato a vereador em Japorã em 2016 pelo PP e teve 93 votos.

Diogo Machado dos Santos Leite, o “Melancia”, é gerente na região de Casa Verde, município de Nova Andradina. Foi gravado por escutas telefônicas monitorando a passagem de caminhões.

No dia 5 de outubro de 2017 ele foi gravado falando sobre a apreensão de uma carga, feita por um policial militar magoado por não receber a propina. No mesmo dia, ligou para uma pessoa não identificada e disse que tinha feito o pagamento com dinheiro do próprio bolso e pede para ser reembolsado.

Adel Pereira Acosta, o “Vovô”, gerente que opera na região de Iguatemi. Também aparece em conversas gravadas por escutas telefônicas e foi mais um a ter o pedido de liberdade negado.

PM – José Roberto dos Santos é policial militar em Nova Andradina, mas agia a serviço da quadrilha na região de Dourados.

A defesa alega que não há indícios suficientes de autoria, uma vez que José Roberto não poderia fazer abordagens nas rodovias de jurisdição da Polícia Militar Rodoviária e Polícia da Rodoviária Federal, por isso não teria como facilitar o contrabando.

A defesa citou ainda que o PM pegou R$ 5,1 mil emprestados em um banco em setembro de 2018, demonstrando que não participava de esquema criminoso, “pois se viu obrigado fazer empréstimo bancário para fazer frente às suas necessidades”.

Entretanto, as investigações mostram que José Roberto agia como “policial garantidor”, a quem membros da quadrilha procuravam para garantir a passagem das cargas e tirar do caminho outros policiais que pudessem apreender os carregamentos.

Em uma das conversas interceptadas, ele aparece intermediando o pagamento de propina para um policial identificado como Julião.

Josemar dos Santos Almeida, o “Mazinho”, era o gerente da quadrilha na região de Naviraí. Foi preso por gerenciar o trânsito de cargas de cigarro no corredor logístico que passa por Naviraí. Ele foi apontado como próximo ao policial Aparecido Fialho, também alvo das investigações.

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