Irmãos acorrentados fogem de conselho e voltam para casa
Os dois irmãos, de 10 e 12 anos, que eram mantidos acorrentados dentro de casa, no Jardim das Hortênsias, fugiram ontem mesmo do Conselho Tutelar e voltaram para a família. Eles ficaram menos de meia hora no local, segundo a conselheira Andréia Almeida. Ainda na recepção e "por um descuido da educadora, eles saíram sem autorização", conta.
Ela relata que as crianças ficaram surpresas com a ação policial e disseram que não se sentiam agredidas por serem acorrentadas. Os meninos disseram que tinham mobilidade e que ficavam assistindo televisão e jogando vídeo-game enquanto eram mantidos acorrentados.
Após denúncias de vizinhos, por volta de 17h30 deste domingo policiais militares foram à casa onde vive a família, na rua Clevelândia, e encontraram os meninos acorrentados pelos pés. Na casa estavam o pai, embriagado, e a irmã, de 14 anos. Com ela estava a chave do cadeado que prendia as correntes.
Segundo a conselheira, a mãe dos meninos, que é auxiliar de serviços gerais no Hospital Universitário, disse que prendia os meninos porque tinha medo de que eles soltassem pipas e se ferissem com cerol (mistura de cola e caco de vidro usada para cortar as linhas de ouras pipas).
Necessidade- A conselheira afirma que a mãe é uma pessoa muito simples e desinformada e que demonstra realmente acreditar que adotou a medida correta para proteger os filhos.
O pai é alcoólatra, segundo a Polícia Militar, e pedreiro. Ele contou à PM disse que chegou a propor várias vezes levar os meninos para a obra em que trabalha, para não deixa-los sozinhos em casa, mas não foi ouvido pela esposa.
As crianças não apresentavam ferimentos no corpo. Segundo a conselheira, a mãe dos meninos será ouvida por um delegado da DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente) e deve ser autuada por cárcere privado.