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Cidades

Justiça leva Beira-Mar a júri pela morte de João Morel

Redação | 02/06/2008 13:24

A Justiça de Mato Grosso do Sul decidiu levar a júri popular o traficante Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, 40 anos, como mandante do assassinado do também traficante João Morel, morto aos 61 anos, a golpes de faca artesanal, em uma cela da penitenciária estadual de segurança máxima de Campo Grande, em janeiro de 2001. A sentença de pronúncia foi anexada hoje ao processo, sem data para o julgamento.

Beira-Mar vai a júri com mais dois homens, Mauro Sérgio de Oliveira e Marcos Rogério de Lima, acusados de participação no assassinato, a mando do traficante, em troca de pagamento. Os três são acusados de homicídio doloso qualificado. As qualificações são pelo fato de ter havido recompensa, entre as quais estaria uma chácara para a família de um dos acusados, por utilização de meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. No caso de Beira-Mar, é acrescentado o motivo torpe.

O juiz responsável pelo processo, Júlio Roberto Siqueira, afirma na sentença de pronúncia que, diante da peça acusatória do Ministério Público Estadual, com base nas investigações policiais, não há dúvida dos indícios de participação de Beira-Mar no crime.

Conforme as investigações, três presos teriam entrado na cela de Morel para matá-lo, enquanto um quarto ficou de guarda à porta. Os outros três detentos teriam sido os intermediadores do crime junta Beira-Mar.

Vingança - A decisão é sustentada pelo testemunho de um preso, que assistiu ao crime, e ouviu os homens que mataram Morel citar que era uma encomenda do traficante carioca, como parte de uma guerra pelo comando do tráfico travada entre o grupo de Beira-Mar e a família de Morel. No passado, os dois já haviam sido sócios, mas se tornaram inimigos.

Beira-Mar também é considerado o mandante das mortes dos filhos de João Morel, ocorrida em 2001, época em que a região de Coronel Sapucaia, na fronteira com a paraguaia Capitan Bado, viveu uma verdadeira carnificina atribuída à guerra entre os grupos rivais.

O fato de Morel ter revelado como funcionava o comércio de drogas na fronteira à CPI do Narcotráfico seria outro motivo para Beira-Mar querer a morte do ex-sócio. Essa ameaça, conforme o texto da sentença, chegou a ser feita em público. Uma cópia do depoimento de Morel à CPI foi anexada ao processo, a pedido do MPE.

Há ainda o relato de que o único homem já condenado pelo crime, Odair Moreira da Silva, fez comentários na cadeia revelando que o crime era uma encomenda de Beira-Mar e que logo após a morte ele próprio ligou para Luis Fernando da Costa para dizer que o crime estava consumado.

Odair pegou 16 anos de prisão. Durante todo o processo, alegou que cometeu o crime sozinho e negou a ligação de Beira-Mar.

Mas, conforme declaração atribuída a Odair na sentença de pronúncia, ele disse na prisão que o contato entre Beira-Mar e os homens que consumaram o crime foi feito pelo preso Luis Marcos da Silva Santos, conhecido como Francês, que morreu assassinado. Francês era tido um dos líderes da Máxima quando pena na cadeia e chegou a liderar mobilizações dos presos.

Ele não é o único réu desse processo já falecido. Outros dois morreram, Welverlon Santi Lopes Ferreira, que foi assassinado, e José Evanilson Melo da Silva, morto em uma prisão de São Paulo. Welverlon foi assassinado em Campo Grande. As mortes de Luis Marcos dos Santos foram próximas. Welverlon sofreu duas tentativas de assassinato e na segunda não resistiu aos ferimentos a tiro.

O oitavo réu no caso é Luiz Carlos da Silva, que também seria intermediador da comenda, e cujo processo corre em separado porque ele não foi localizado pela Justiça.

Os três réus que vão a julgamento pelo crime serão mantidos presos, conforme a decisão do juiz. A data ainda não foi marcada.

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