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Cidades

Médico envolvido em briga e morte acusa rival de aborto

Redação | 25/02/2010 14:25

Depois de 26 anos na medicina, o médico Sinomar Ricardo virou protagonista de uma história policial de repercussão nacional, envolvido em um briga dentro da sala de cirurgia, que acabou com a morte do bebê durante o parto.

Sem atender aos jornalistas, nesta quinta-feira ele resolveu contar sua versão via e-mail, enviado à redação do site de notícias de Ivinhema, o Ivinotícias, onde ocorreu a confusão.

No texto, ele detalha sua versão sobre o embate com o colega, identificado como Orozimbo Ruela, e acusa o profissional de ter praticado um aborto.

"Tenho plena consciência que este foi um crime horrível", inicia a mensagem, lembrando que "nunca ninguém morreu em minhas mãos".

Como defesa, ele cita o nome de três auxiliares de enfermagem que estavam dentro da sala de partos, quando a briga começou.

"Adentrei a sala de partos com a papeleta da paciente às mãos, após mostrá-la ao outro médico. O Doutor Renê havia consultado a paciente durante seis meses, o doutor Orozimbo tinha feito apenas duas consultas, e a doutora Helen realizado uma consulta. Esta paciente havia sido abandonada dentro do hospital, como já fizera com outros pacientes o doutor Orozimbo, sem passá-la para a plantonista do dia, a doutora Elza", detalha, elencando todos os profissionais que tiveram contato com a paciente na noite do dia 22 de fevereiro.

Orozimbo é o segundo envolvido na pancadaria registrada no hospital municipal de Ivinhema, mas desde o dia da confusão, não é encontrado para falar ou apresentar sua versão dos fatos. Ele e Sinomar foram demitidos depois do problema.

Segundo Sinomar, ao entrar na sala de partos ele encontrou com o rival na porta e tentou argumentar: "eu mantinha ressalvas sobre a conduta deste senhor em partos que precisava de indução. Ele ficou parado, com a mão no queixo, eu entrei para a sala de partos e tentei fechar a porta".

Na versão dele, a briga começou quando "um forte ponta-pé abriu a porta e uma saraivada de murros e chutes caiu sobre mim. A referida papeleta voou com folhas de prescrição para toda lado. A partir daí o homem que mais parecia um animal raivoso começou a dizer que eu não faria aquele parto. Eu já vira médico maluco, médico drogado e médico bêbedo, mas ainda não sabia que estava trabalhando com um abortista", acusa.

O médico diz ainda que quando tudo terminou, Orozino pediu à enfermagem que aquilo ficasse só entre "nós" e que não se comentasse nada a ninguém.

Sinomar diz que considerou o pedido um "desaforo", chamou a Polícia Militar e a Secretária de Saúde foi acionada pela Diretora do Hospital. "Ambas solicitaram que eu não abrisse inquérito contra o agressor", revela.

"Enquanto discutíamos, determinei que a doutora Elza Maria, minha esposa, e que tira plantões comigo, com anuência da Diretora Administrativa do Hospital, fizesse o parto da senhora Gislaine, já que eu não tinha condições de fazê-lo porquanto agredido fisicamente", garante.

O médico diz que na sequência do atendimento, a plantonista encontrou dentro da vagina da gestante alguns comprimidos. "Até aqui, a senhora tinha dores, ou seja contrações. Retirado os comprimidos, as dores cessaram imediatamente. Ela estava sendo induzida ao trabalho de parto e isso não foi dito e creio que o esposo dela ainda não sabe".

Segundo Sinomar, os comprimidos ainda estão em poder dele "e vamos mandar para análise laboratorial, mas tenho certeza que se trata de Citotec, substância abortiva e do conhecimento geral. Acredito que por isso o doutor Orozino agrediu-me para eu não fazer aquele parto, pois ele sabe o quanto sou contra as práticas abortivas", desconfia.

A denúncia do médico segue, mas contra a Secretaria de Saúde. "Pedi que mandasse analisar os comprimidos, ela preferiu analisar a placenta, que constará a intoxicação".

Ele termina a mensagem dizendo que "só posso lamentar o ocorrido, mas não tenho culpa nenhuma, nem a criança faleceu por falta de atendimento ou por imperícia de quem estava de plantão", conclui.

O caso é investigado pela Polícia Civil e pelo Conselho Regional de Medicina.

O médico Orozino estava de plantão no dia do parto e acusou Sinomar de realizar um trabalho que cabia a ele, mas ainda não falou com a imprensa.

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