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Cidades

"Minha vida era de prisioneira", diz jovem seqüestrada

Redação | 20/03/2009 14:45

"Minha vida lá era de prisioneira. Não conversava com ninguém", desabafa a jovem que agora mora em Mundo Novo, a 458 quilômetros de Campo Grande, mas que 'sobreviveu' nos últimos tempos refém do ex-padrasto, no município de Acrelândia, Acre.

A garota de 19 anos conta que foi seqüestrada há 3 anos por José Joaquim dos Santos, 48 anos, em 2005, quando moravam no Paraná. "Ele disse que se eu não fosse com ele iria matar minha mãe, eu, meus irmãos".

Independente do que ocorreu naquela época em Londrina (PR), o fato, segundo o Ministério Público Estadual, que acompanha o caso, é que o homem mantinha a vítima em cárcere privado e sob violência, na zona rural de Acrelândia.

José Joaquim então a levou para o Acre e a impedia de ter contato com outras pessoas quando ele não estava perto, diz a jovem. "Eu só podia conversar com a irmã dele e com a patroa, e na frente dele", conta a jovem.

O medo do homem, era que ela contasse para alguém que era violentada sexualmente. "Começou um ano antes dele me levar. Eu tinha 15 anos. Ele dizia que se eu contasse para alguém ia me bater".

A jovem garante que era obrigada a manter relações sexuais com ele até mesmo quando estava no período menstrual.

O MPE confirma que José agredia a menina caso se recusasse, e mesmo assim, depois tinha que fazer o que ele queria. "Ele me batia com a mão, com o pé. Uma vez, jogou uma lanterna nas minhas costas e ficou a marca", relata.

O dia-dia da jovem se resumia a fazer os serviços de casa e a cuidar do filho de um ano e meio, fruto da "relação" dela com José. Eles eram caseiros de uma chácara, distante sete quilômetros da área urbana, e para ir à cidade, a jovem dependia da companhia de José.

Nem mesmo a janela da casa onde moravam ela podia abrir. "Tinha uma janela que não podia abrir quando os patrões estavam lá. Ele não deixava".

Esperança - "Parece que foi Deus que fez ele me dar aquele celular", diz a garota. A jovem passou a ter esperança de voltar à família quando a mãe dela descobriu o telefone da irmã de José e entrou em contato e conseguiu o número do celular pré-pago da filha.

A garota passou então a conversar com a mãe e combinar o retorno para casa. "Sempre escondido dele. Ele saía para trabalhar, eu dava um toque para minha mãe e ela retornava."

Com o endereço da filha, a mãe acionou o MPE, em Mundo Novo, que avisou o órgão em Acrelândia. Foi expedido mandado de busca e então José Joaquim foi preso em flagrante, já que foi constatado que a jovem vivia em carecer privado.

"Quando o pessoal chegou, ele achou que fosse nada. Pensou que fosse alguma coisa sobre a moto roubada que ele tinha comprado e já tinha sido preso por isso".

Desde segunda-feira (16) com a família, em Mundo Novo, a jovem diz que agora "é um alívio. Graças a Deus estou bem. Eu sentia ódio dele, desprezo".

A operação de resgate contou com a união de esforços do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que investigam o caso desde o início, e da polícia e do MPE do Acre.

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